Doenças da próstata
A próstata é uma glândula que faz parte do aparelho reprodutor masculino, contribuindo para a formação da testosterona e do esperma. É constituída por um corpo do tamanho de uma castanha com o peso aproximado de 20 gramas na fase de jovem adulto, que se situa na parte inferior da bexiga e se dispõe, em anel, contornando o canal uretral, com comunicação com os testículos.
A partir dos 40 anos esta glândula tende a crescer, mais ou menos rapidamente. Em cerca de 50 por cento dos casos, pela sua dimensão ou pela forma de crescimento, podem surgir situações que criam dificuldades para a micção e/ou a própria defecação.
Destas doenças o cancro da próstata é a mais temida, a segunda causa de morte por cancro nos homens portugueses, com cerca de 1800 mortes por ano – dados da Associação Portuguesa de Urologia (APU). Números que poderiam diminuir se os homens mantivessem uma vigilância anual a partir dos 50 anos. Contudo, existem muitos mitos associados e também algum pudor em procurar ajuda médica. Por isso, muitos casos de cancro são diagnosticados já em fase avançada.
Segundo a mesma Associação, por ano são diagnosticados entre 3 e 4 mil novos casos e a doença afecta cerca de 25 por cento dos homens com mais de 40 anos e um em cada três homens com mais de 65 anos.
As principais razões para que os homens não falem ao médico sobre a próstata são as noções erradas de que os sintomas urinários são um acontecimento normal da idade; o medo de um diagnóstico de cancro, da cirurgia e das suas potenciais complicações; a relutância e embaraço em discutir os sintomas urinários e da esfera sexual com o médico de família, especialmente se este for do sexo feminino, e até receio de ser submetido a um toque rectal, exame necessário para a observação da próstata.
Doenças da Próstata
Hipertrofia Benigna da Próstata - HBP
A hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma formação não cancerosa (benigna) desta glândula e muito frequente a partir dos 50 anos. A causa é desconhecida, mas pode ter que ver com as alterações nos valores hormonais que se verificam com o envelhecimento.
Acontece que com o passar do tempo, o fluxo de urina pode ficar obstruído, os músculos da bexiga tornam-se mais grossos e fortes para poderem empurrar a urina para fora, embora a bexiga possa não se esvaziar por completo. Como consequência, a urina é retida, deixando o indivíduo exposto a infecções e à formação de cálculos. Logo, uma obstrução prolongada pode danificar os rins.
Apesar de os sintomas do crescimento da próstata só se fazerem sentir em 50 por cento dos homens com mais de 50 anos, a verdade é que esse crescimento se dá na generalidade dos homens.
Os principais sintomas surgem quando a próstata aumentada começa a dificultar o fluxo da urina. Ao princípio, o doente pode ter dificuldades ao começar a urinar, mas também sentir que a descarga de urina foi incompleta. Por outro lado, como a bexiga não se despeja por completo em cada micção, tem de urinar com maior frequência, sobretudo à noite (nictúria) e a necessidade torna-se cada vez mais imperiosa. Finalmente, a bexiga pode encher-se em excesso, provocando incontinência urinária.
O diagnóstico é baseado nos sintomas e na palpação da próstata durante um exame rectal. Podem também ser feitas análises ao sangue que medem a função renal, bem como outros exames que determinam se o indivíduo tem cancro da próstata. As opções terapêuticas são várias e variam de caso para caso, no entanto podem incluir quer fármacos e/ou cirurgia dependendo da gravidade e complexidade do caso.
Cancro da Próstata
O cancro da próstata é um tumor que surge no encapsulamento da próstata, de evolução lenta e assintomática e que, em adiantada fase do seu crescimento tende a originar metástases afectando outros órgãos, nomeadamente os pulmões e a estrutura óssea.
Dependendo da fase/estadio em que é detectado assim será o seu prognóstico, havendo mesmo casos em que não é possível a cura. Quando detectado precocemente quase sempre tem tratamento, apesar de exigir cuidados de vigilância ao longo da vida, pois pode recidivar.
Assim, é indispensável que todos os homens, após os 50 anos (ou 45 anos sempre que nos seus ascendentes tenha havido idêntica doença), vigiem os possíveis indicadores de alteração da actividade prostática, principalmente o Prostatic Specific Antigen(PSA) que deverá manter-se abaixo de 4 mg/ml. Este método não apresenta uma eficácia a 100 por cento, mas é actualmente o único que se conhece para alertar para a necessidade de se efectuarem exames mais concretos na despistagem do cancro (através de biopsia).
Determinada a existência do cancro, o seu desenvolvimento e a sua localização exacta pode-se recorrer a diferentes tratamentos, sendo que o mais vulgar é a prostatectomia radical (cirurgia) que consiste na ablação total da próstata.
Com o natural aumento da esperança de vida, estima-se que no futuro quase 50 por cento dos homens com mais de 50 anos virão a sofrer de cancro da próstata. Em Portugal, com base no censo de 2010 - cerca de 1.600.000 homens com mais de 50 anos - faleceram de cancro da próstata 1750 homens.
Como em todas as doenças oncológicas, existem alguns factores que podem ser considerados como tendo uma acção preventiva. O estilo de vida e a dieta parecem ter, de algum modo, uma influência preventiva. Uma alimentação rica em antioxidantes, vitaminas A, D, E e selénio, que podem ser encontrados na dieta mediterrânica (pão, cereais, fruta, cenoura, espinafres, melancia, alho e cebola), tomate cozinhado e vinho tinto parecem ter algum papel protector contra o cancro da próstata. Para além disso, é fundamental o diagnóstico precoce, como em todas as doenças oncológicas, pois aumenta as possibilidades de maior sucesso nas terapêuticas.
Prostatite
A prostatite é uma inflamação da próstata, aguda ou crónica, geralmente causada por bactérias, embora também possa ser causada por fungos, vírus e protozoários. A prostatite crónica é uma afecção que pode atingir de 10 a 14 por cento dos homens de todas as idades e raças.
A infecção pode estender-se ao escroto, provocando intenso mal-estar, edema e dor muito forte quando se toca na zona afectada. Pode-se, inclusivamente, experimentar impotência devido à dor.
Os sintomas mais comuns são a dor na virilha, entre o pénis e o ânus e na parte inferior das costas, bem como calafrios e febre. O doente também pode precisar de urinar com frequência e de forma imperiosa e pode aparecer sangue na urina. É possível que 50 por cento dos homens desenvolvam sintomas de prostatite em algum momento de suas vidas.
A prostatite ocorre devido a vários factores: migração de bactérias através da uretra em direcção à próstata, deficiências da actividade antibacteriana da secreção prostática, falta de anticorpos locais e sistémicos. Os microrganismos causadores de doenças sexualmente transmissíveis também podem ser responsáveis por estas infecções, principalmente dos casos agudos, habitualmente com um quadro clínico mais grave, logo a exigir um tratamento mais agressivo.
Um correcto diagnóstico inclui um exame físico completo a fim de se descartar outras doenças que possam estar a provocar os mesmos sintomas, bem como exames à urina. Muitas vezes, nos casos de prostatite crónica, não se consegue identificar o agente infeccioso.