Sem vacina ou terapêutica preventiva

Dengue

Atualizado: 
08/04/2014 - 16:05
Segundo os especialistas, a dengue será, no futuro, a principal doença tropical emergente nos países temperados. Saiba tudo sobre esta doença infecciosa.
Dengue

A dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus transmitido ao homem pela picada do mosquito do género Aedes (sendo o mais importante vector o Aedes aegypti) e que pode conduzir à morte. O mosquito pica durante o dia, sobretudo no período do amanhecer e antes do pôr-do-sol. Não existe transmissão pessoa a pessoa.

Na maioria dos casos a doença é auto-limitada, com os doentes a recuperar após alguns dias sem necessidade de tratamento, podendo até não originar sintomas. No entanto, em situações mais grave, a dengue hemorrágica, pode conduzir à morte.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, actualmente, entre 2,5 a 3 biliões de pessoas vivem em áreas com risco de infecção por dengue. A dengue existe nas regiões tropicais e subtropicais da América Central e do Sul, África e sudeste da Ásia, e mais recentemente em certas regiões da Austrália e do continente Norte-Americano, acarretando, por isso, risco de transmissão ao viajante.

Actualmente não existe vacina ou terapêutica preventiva disponíveis. Por isso, a prevenção da doença em áreas de risco baseia-se exclusivamente nas precauções gerais. O diagnóstico rápido e fiável é hoje possível graças ao Teste de Imunocromatografia para a Dengue. Através da centrifugação de uma amostra de sangue é obtido o soro que é colocado neste kit de teste, juntamente com um reagente que se vai ligar ao soro. Em apenas 15 a 20 minutos obtém-se o resultado que é indicado por linhas coloridas. 

Diferentes manifestações
Na primeira vez que se é infectado é possível observar um quadro clínico que pode ir de assintomático até uma crise aguda, com febre elevada, intensas dores ósseas, dores musculares e articulares e cansaço intenso. A recuperação é normalmente lenta, podendo passar semanas ou meses até um completo restabelecimento da doença.

Quando se é infectado pela segunda vez, pode acontecer não desenvolver a doença, ganhar imunidade, promovida pela infecção anterior, caso tenha sido infectado pelo mesmo tipo (ou serotipo) de vírus da dengue - existem quatro serotipos. O problema maior surge quando se é infectado novamente mas por um serotipo de vírus do dengue diferente do anterior, podendo desenvolver uma doença muito mais grave, com manifestações hemorrágicas e possibilidade de evolução fatal: a dengue hemorrágica.

Ou seja, os sintomas da dengue clássica podem assemelhar-se aos de uma gripe intensa e incluem febre alta de início súbito, dores de cabeça, dores retro-oculares, dores musculares e articulares, náuseas e vómitos, manchas na pele e erupção cutânea. Já na dengue hemorrágica, os principais sintomas são dores abdominais severas e contínuas, dor no fígado (debaixo das costelas, do lado direito), tonturas, desmaio, pele fria e pegajosa, suores frios, hemorragias, sangramentos do nariz, boca ou gengivas, pulso fraco e rápido e sede excessiva. Com tratamento de suporte adequado e atempado, a mortalidade com esta forma de dengue pode ser inferior a 1 por cento. 

Prevenção
Não existe, actualmente, nenhuma vacina, medicação profiláctica ou tratamento específico para a dengue. Por isso, todos os tratamentos possíveis são apenas para alívio dos sintomas: o repouso, a hidratação, os antipiréticos e os analgésicos (sempre paracetamol, porque a aspirina e derivados estão contra-indicados, pelo risco de agravarem possíveis hemorragias).

Para evitar a doença deve manter-se distância dos locais habituais de reprodução do mosquito, ou seja, qualquer recipiente usado para juntar ou armazenar água. Alguns locais frequentes são pratos e vasos de plantas, panelas cisternas, garrafas, latas, pneus abandonados e calhas de telhado. A fêmea do mosquito coloca os seus ovos nesses recipientes com água e em redor de casas, escolas e outras áreas urbanas.

Deve também adoptar as medidas habituais para evitar picadas de mosquitos, nomeadamente:
- Aplicar regularmente repelente de insectos nas partes do corpo expostas (cara, mãos, pescoço, orelhas, pés, tornozelos, etc.), particularmente a partir do entardecer. Os repelentes com a substância DEET são os mais eficazes.
- Usar roupas claras com mangas e pernas compridas. Pode-se também aplicar um repelente em spray directamente na roupa.
- Permanecer em locais com ar condicionado e/ou redes protectoras nas porta e janelas. Pode-se também aplicar o repelente do lado exterior das portas e janelas e utilizar um difusor eléctrico.
- Dormir debaixo de uma redes mosquiteiras, garantindo que nenhuma parte do corpo fica encostada à rede (redes rectangulares são mais seguras que triangulares).
- Eliminar quaisquer recipientes/reservatórios/locais de água parada (como os pratos dos vasos, baldes, caixotes do lixo abertos, entre outros) perto do local de estadia - locais onde se desenvolve o mosquito.

Em áreas endémicas para o dengue, em caso de aparecimento de sintomatologia suspeita - nomeadamente febre, até 15 dias após o último dia de viagem - o viajante deverá procurar imediatamente assistência médica. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde:
- Cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou dois quintos da população mundial, estão agora em risco de contágio com a dengue.
- A doença é agora endémica em mais de 100 países.
- A dengue hemorrágica é uma das principais causas de doença grave e morte entre crianças em alguns países asiáticos.
- Em 2007, havia mais de 890.000 casos notificados de dengue nas Américas, dos quais 26.000 casos foram de febre hemorrágica da dengue.
- As taxas de infecção da dengue entre as pessoas que não tenham sido anteriormente expostos ao vírus são geralmente 40 a 50 por cento durante as epidemias, mas podem, por vezes atingir os 80 a 90 por cento.
- Cerca de meio milhão de pessoas com dengue hemorrágica são hospitalizadas por ano, muitas das quais são crianças. Cerca de 2,5 por cento destes pacientes morrem.
- A fatalidade em relação à febre hemorrágica da dengue, pode exceder os 20 por cento se não tratada. Se houver acesso ao atendimento médico com profissionais de saúde treinados no tratamento da doença, a taxa de mortalidade pode ser inferior a 1 por cento.

Fonte: 
consultaviajante.ufp.edu.pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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