Estudo

Células estaminais com potencial para restaurar fertilidade feminina

A perda de função ovárica em mulheres com menos de 40 anos poderá vir a ser tratada com recurso a células estaminais. De acordo com um novo estudo, realizado em modelo animal, as células estaminais do tecido do cordão umbilical têm capacidade de aliviar a disfunção hormonal e normalizar o tamanho dos ovários, promovendo melhorias na fertilidade.

Estima-se que a Insuficiência Ovárica Prematura (IOP) afete cerca de um por cento das mulheres até aos 40 anos. Nestes casos, a disfunção hormonal provoca alterações no ciclo menstrual, que conduzem frequentemente à perda de fertilidade.

Fatores genéticos, doenças autoimunes ou tratamentos para o cancro (quimio ou radioterapia) podem estar na origem desta doença.

“Na procura de uma solução capaz de recuperar a função ovárica e a fertilidade em mulheres com IOP, a terapia com células estaminais mesenquimais tem-se destacado pelos seus resultados promissores, tanto em modelo animal como em ensaios clínicos”, afirma Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.

”Ainda assim, aguardamos com grande expectativa a realização de mais ensaios clínicos que confirmem a eficácia desta terapia e permitam estabelecer a metodologia ideal, nomeadamente no que se refere à quantidade de células e à melhor via de administração, determinantes para o sucesso do tratamento”, conclui.

O estudo, em modelo animal, recentemente publicado veio reforçar o potencial da terapia com células estaminais do tecido do cordão umbilical para o tratamento de IOP e restauração da fertilidade.

O tratamento com células estaminais foi capaz de diminuir a gravidade das alterações observadas no ciclo reprodutivo dos animais com IOP, aliviar a disfunção hormonal e normalizar o tamanho dos ovários.

Além disso, verificou-se que a terapia com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical aumentou o número de folículos saudáveis nos ovários, incluindo dos que se encontravam em fase de pré-ovulação, e diminuiu o número de folículos em fase de morte celular.

Observaram-se também efeitos do tratamento com células estaminais na fertilidade: a taxa de sucesso de acasalamento foi de 83% nos animais tratados com células estaminais por via intravenosa e de 100% nos que receberam células estaminais diretamente nos ovários.

Além do efeito positivo na fertilidade, os investigadores verificaram que o número de fetos foi superior nos animais tratados com células estaminais, sobretudo nos que receberam células diretamente nos ovários, cujo número de fetos foi semelhante ao dos animais saudáveis.

O estudo evidencia ainda a importância da via de administração na eficácia do tratamento, tendo-se registado maior eficácia na aplicação direta das células estaminais diretamente nos ovários do que na administração por via intravenosa.

Estes resultados sugerem que a terapia com células estaminais do tecido do cordão umbilical é capaz de promover melhorias significativas na função ovárica em modelo animal de IOP.

Para aceder aos estudos científicos mais recentes sobre os resultados promissores da aplicação de células estaminais, visite o Blogue de Células Estaminais.

Referências:

Zhang M, et al. Umbilical Cord Mesenchymal Stem Cells Ameliorate Premature Ovarian Insufficiency in Rats. Evid Based Complement Alternat Med. 2022. 2022:9228456. 

Chon SJ, et al. Premature Ovarian Insufficiency: Past, Present, and Future. Front Cell Dev Biol. 2021. 9:672890.

Fonte: 
BCW Global
Nota: 
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Foto: 
Pixabay