Alimentação

A importância da nutrição na prevenção da dor crónica

Atualizado: 
07/08/2020 - 10:17
A má alimentação é a principal causa de mortalidade em todo o mundo e o principal fator de risco de morbilidade. A dor crónica está associada a peso elevado e à qualidade da dieta, pelo que, uma alimentação saudável tem impacto significativo na dor crónica.
Mulher na cozinha com vários alimentos

A alimentação contribui para melhorar as funções dos sistemas nervoso, imunitário e endócrino, impactando diretamente as experiências de dor, tendo em conta que a perda ou a manutenção do peso reduz a carga nas articulações e, consequentemente, a inflamação. Para além disso, a alimentação e o peso têm impacto no risco e/ou gravidade de outras comorbilidades associadas, como doenças cardiovasculares, diabetes e ansiedade, que coexistem frequentemente e agravam a dor crónica.

Não menos importante é o facto de a dor crónica afetar diretamente a autoestima dos indivíduos, colocando em causa o desempenho de tarefas básicas do dia-a-dia, como ir às compras, cozinhar, que se tornam um desafio e geram manifestações como ansiedade, depressão, insónia e cansaço permanente. As insónias, por sua vez, podem provocar alterações nos hábitos alimentares.

Reduzir a inflamação para ajudar a proteger o organismo de danos oxidantes pode fazer-se através do consumo de fruta e legumes, de gorduras Omega-3 e azeite. A deficiência de vitamina D, B12 e magnésio é bastante comum em pessoas com dor crónica. A vitamina D é um antioxidante e está associada à redução da fadiga muscular, a vitamina B12 desempenha um papel relevante nos processos neurológicos relacionados com a dor e o magnésio está associado à redução de espasmos musculares, inflamação e dor neuropática. Desta forma, o consumo de alimentos ricos nestes nutrientes pode garantir níveis de vitaminas e minerais adequados, evitando défices em micronutrientes que podem agravar a dor. Também a desidratação pode aumentar a sensibilidade à dor, pelo que a ingestão de água e de alimentos ricos em água é essencial para a correta circulação de nutrientes e eliminação de resíduos.  

Reduzir e limitar o consumo de alimentos ultraprocessados e a ingestão açúcares é essencial, dado que estes contribuem de igual forma para o aumento da inflamação e da oxidação. O maior consumo destes alimentos e/ ou bebidas levam a um aumento do risco de problemas de saúde e doenças crónicas associadas, tais como doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo.

Sendo 2020 o Ano Internacional da Prevenção da Dor, é fundamental alertar para o impacto significativo das intervenções nutricionais na redução da dor, uma relação ainda desvalorizada. A APED, em parceria com a IASP e a EFIC, pretende criar, ao longo do ano, estratégias de prevenção da dor que envolvam profissionais de saúde, comunidade científica e doentes, com o objetivo de obter melhores resultados. 

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Autor: 
Telmo Barroso - Nutricionista e membro da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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