Em países desenvolvidos

Risco de morrer de doenças relacionadas com SIDA cai

As pessoas adultas que vivem com o VIH nos países desenvolvidos enfrentam risco substancialmente reduzido de morte por doenças relacionadas com a SIDA, comparativamente a há uma década, refere um estudo publicado na sexta-feira pela revista The Lancet.

As pessoas infectadas com o vírus que causa a SIDA, residentes na Europa, Austrália e Estados Unidos, estão também em menor risco de morte por doenças cardiovasculares e hepáticas, refere a revista científica, que publicou uma edição especial com os resultados de um estudo internacional na véspera da Conferência internacional sobre a SIDA, que decorreu este fim-de-semana em Melbourne, na Austrália.

Embora a maioria das mortes por essas causas tenha diminuído ao longo da última década, período em que decorreu a pesquisa, não houve registo de redução das taxas de mortalidades por cancros não relacionados com a SIDA.

Para o coordenador do estudo, Colette Smith, da Universidade de Londres, "estas reduções recentes nas taxas de mortes relacionadas com a SIDA prendem-se com a melhoria contínua na contagem de CD4 (usado para avaliar o progresso da doença) e fornecem mais evidências dos benefícios líquidos substanciais dos antirretrovirais".

"Mas, apesar destes resultados, a doença relacionada com a SIDA continua a ser a principal causa de morte nesta população. Esforços contínuos para garantir uma boa aderência aos antirretrovirais e para diagnosticar os indivíduos numa fase mais precoce, antes do desenvolvimento de imunodeficiência grave, são importantes", referiu Colette Smith.

Segundo o estudo, actualmente, o cancro é responsável por 23 por cento de todas as mortes nestas três regiões do globo, enquanto as mortes por SIDA mantiveram-se estáveis nos últimos 10 anos: de 1,6 mortes por 1000 anos, de 1999-2000, para 2,1 mortes por 1000 anos, em 2009-2011.

O estudo envolveu cerca de 50.000 adultos VIH-positivos que recebem cuidados e terapia antirretroviral em mais de 200 clínicas em toda a Europa, Estados Unidos e Austrália.

Este grupo descobriu que as taxas globais de mortalidade caíram quase para metade desde 1999, enquanto as mortes por causas relacionadas com a SIDA e doenças cardiovasculares diminuíram em cerca de 65 por cento e as mortes relacionadas com o fígado para mais de 50 por cento.

Também foram registadas reduções similares em mortes relacionadas com doença hepática (2,7 mortes por 1000 pessoas-ano para 0,9) e doença cardiovascular (1,8 mortes por 1000 pessoas-ano para 0,9).

A proporção de todas as mortes devido à SIDA também diminuiu ao longo da última década (de 34 para a 23 por cento) e doenças do fígado (de 16 para 10 por cento), enquanto a proporção de óbitos por doenças cardiovasculares permaneceu constante, neste período, na ordem dos 10 por cento.

Os pesquisadores observam que a redução substancial das taxas de mortalidade por fígado e doença cardiovasculares não pode ser completamente explicada por mudanças na demografia do paciente ou melhorias na supressão viral ou contagem de CD4.

Para os investigadores essa diminuição pode resultar de uma melhor gestão dos factores de risco tradicionais, nomeadamente o consumo do tabagismo, o uso de álcool, ou então a utilização de antirretrovirais menos tóxicos.

Fonte: 
Diário Digital
Nota: 
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