Dia Internacional do Idoso:

Pequenas alterações de construção e podem ficar em casa

Um especialista da Universidade Católica defendeu que pequenas alterações nos apartamentos, algumas com custos reduzidos, respondem às necessidades específicas dos idosos, tornando possível que permaneçam nas suas casas, em vez de irem para lares.

A partir do estudo que realizou para a sua tese de doutoramento em arquitectura, António Carvalho listou “intervenções pontuais e o mais pequenas possível, até por razões económicas”, atendendo à actual realidade de uma sociedade em progressivo envelhecimento, em que apenas o grupo etário dos idosos, pessoas com mais de 65 anos, continua a crescer, nas próximas décadas.

Algumas situações “já envolvem custos significativos” e, por isso, “justificar-se-á progressivamente e, cada vez mais, que as verbas que a Segurança Social tem para despender com os apoios à população idosa possam ser repensados e, mediante projectos bem estruturados, possa haver uma comparticipação para que, gradualmente, haja edifícios preparados” para a população mais velha.

“Se houver uma solução em que as pessoas consigam lá ficar [na sua casa], é melhor porque continuam a partilhar, participar e contribuir para a vida na cidade, dentro das suas limitações, o que é normal, e quando finalmente morrem a casa pode ser novamente habitada por gente mais nova”, disse o professor da Universidade Católica.

O especialista defendeu que, tendo também em conta mudanças no prédio, como a instalação de um elevador, ou alterações para facilitar a mobilidade no espaço urbano, “para o Estado, acaba por haver uma economia”. É que “estamos a falar da saúde das pessoas e manter a actividade é fundamental”, referiu.

“Se pensarmos no investimento que implica a criação, construção e manutenção de lares para idosos para uma população que está rapidamente a envelhecer, isso é um drama real, enquanto estas situações podem ser criadas e, porque não, participadas, mas de uma forma mais suave, mais distribuída”, realçou.

O trabalho distinguido com o Prémio André Jordan 2014, hoje entregue, focou o bairro de Alvalade, em Lisboa. O especialista seleccionou alguns edifícios, analisou os “obstáculos” encontrados, tendo em conta as limitações físicas e de mobilidade dos idosos, e listou propostas para solução, envolvendo igualmente o espaço público circundante, como os jardins.

António Carvalho explicou ter tido em conta vários inquéritos a idosos, nos quais a maior parte deles expressa o desejo de manter-se na sua casa, sempre que possível, mas também realçou que as mudanças realizadas nas habitações ou no espaço exterior, como as rampas, são, em muitos casos, úteis também para as crianças e não têm inconvenientes para os adultos mais novos.

Elementos como a largura das portas, que, com 70 centímetros, não permitem a passagem de uma cadeira de rodas, a organização das louças sanitárias ou a simples altura a que são colocados os interruptores são alguns dos exemplos referidos.

Permitir o encaixe dos joelhos debaixo de uma bancada, na casa de banho ou na cozinha, ou integrar módulos que podem ser retirados ou substituídos, sem grandes obras, é outra referência de António Carvalho que explicou ter pensado sempre nas soluções para uma cadeira de rodas, porque “se essa situação estiver resolvida todas as outras estão”.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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