Nos EUA

Nova terapia genética faz células de cancro cometerem “suicídio”

Uma nova terapia genética permitiu modificar células de cancro da próstata para que o corpo do paciente possa atacá-las e matá-las. A técnica descoberta por cientistas americanos induz o tumor a autodestruir-se - daí o nome “terapia do gene suicida”.

A pesquisa identificou um aumento de 20% no índice de sobrevivência de pacientes com cancro da próstata após cinco anos de tratamento, escreve o Diário Digital.

Mas um especialista em cancro consultado pela BBC disse que estudos adicionais são necessários para comprovar a eficácia do tratamento.

O estudo, conduzido por investigadores do Hospital Metodista de Houston, no Texas, parece mostrar que essa “terapia do gene suicida”, combinada com radioterapia, pode ser um tratamento promissor para o cancro da próstata no futuro.

A técnica envolve a modificação genética de células cancerígenas, que passam a emitir um “sinal” para o sistema imunológico para atacá-las.

Em geral, o corpo não reconhece células cancerígenas como inimigas, porque estas desenvolvem-se a partir de células saudáveis comuns. Diferentemente de uma infeção, que motiva a reação do corpo, o sistema imunológico não reage para matar células cancerígenas.

Usando um vírus para transportar a terapia genética até ao tumor, o resultado é que as células se autodestruam, alertando o sistema imunológico do paciente para lançar um ataque em massa.

Em dois grupos de 62 pacientes, um recebeu a terapia genética duas vezes e o outro grupo - todos com uma forma agressiva de cancro da próstata - foi tratado três vezes. Os dois grupos também receberam radioterapia.

As taxas de sobrevivência após cinco anos foram de 97% e 94%, respetivamente. Embora o estudo não tenha empregado grupo de controlo, os pesquisadores dizem que os resultados mostram um avanço de 5% a 20% em relação a estudos anteriores sobre tratamentos de cancro da próstata. Biopsias realizadas dois anos após o estudo deram negativo em 83% e 79% dos pacientes dos dois grupos.

Brian Butler, da equipa do Hospital Metodista de Houston, disse que a descoberta poderá mudar a forma como o cancro de próstata é tratado.

“Poderemos injetar o agente diretamente no tumor e deixar o corpo matar as células cancerosas. Uma vez que o sistema imunológico tenha conhecimento das células malignas, se estas voltarem, o corpo saberá como matá-las.”

Kevin Harrington, professor de imunoterapia oncológica no Instituto para Pesquisa do Cancro, em Londres, disse que os resultados são “muito interessantes”, mas citou a necessidade de mais estudos.

“Podemos precisar de um teste aleatório para mostrar se esse tratamento é melhor do que apenas a radioterapia. Os vírus usados nesse estudo não se reproduzem. A nova geração de terapias virais pode se replicar seletivamente em células cancerígenas - algo que pode matar o cancro de forma direta - e também ajudar a espalhar o vírus para células cancerígenas vizinhas”, afirmou.

Harrington disse ainda que seria “interessante” testar o tratamento com vírus que podem se reproduzir, para verificar se os resultados podem ser ainda mais efetivos.

Fonte: 
Diário Digital
Nota: 
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