Centro Champalimaud

Cientistas definem técnica para analisar efeitos de degeneração de células na locomoção

Investigadores do Centro Champalimaud desenvolveram uma técnica que permite quantificar detalhes da locomoção através de um estudo que focou a influência da degeneração de células do cérebro na coordenação de vários movimentos simultâneos.

A equipa de quatro cientistas liderados por Megan Carey "desenvolveu uma ferramenta nova para estudar como é que o cérebro gera movimento coordenado", refere uma informação do Centro Champalimaud.

Os resultados do trabalho com ratinhos, publicados na revista científica eLife, basearam-se em animais que têm uma degeneração de umas células específicas na zona de cerebelo o que leva a uma descoordenação motora.

"Descobrimos que o movimento individual das patinhas do ratinho era preservado, o que estava perturbado era a combinação do movimento todo e [o animal] não conseguia combinar o movimento quando caminhava", explicou hoje à agência Lusa Ana Machado, uma das investigadoras que participou no trabalho.

A combinação desses movimentos com as diferentes partes, por exemplo, "das patas é descoordenada, mas o movimento individual da pata estava intacto", ou seja, o problema centra-se na coordenação, especificou.

Caminhar é uma forma natural nos animais e é possível observar o movimento, que exige coordenação de braços e pernas, manter uma postura, fixar a cabeça.

Ana Machado explicou que, por exemplo, os animais que não têm qualquer degeneração conseguem manter ativamente a cauda controlada, enquanto os animais que têm este problema nas células neste circuito específico, "não tinham a capacidade de controlar o movimento da cauda, era como se fosse um pêndulo".

E foi a partir desta observação que os cientistas criaram um modelo, chamado de LocoMouse, para explicar o que estava a acontecer neste tipo de movimento.

O próximo passo é "tentar perceber muito bem onde, no circuito, isto está a acontecer e por isso temos formas de controlar especificamente células desse circuito para tentar compreender o que estas estão a provocar ou que estão a alterar o comportamento e depois corrigir mais tarde", realçou.

O projeto foi desenvolvido por três investigadores portugueses e dois norte-americanos e vai permitir que o sistema Locomouse possa ser usado por qualquer investigador e possa ajudar no seu trabalho, como frisou a cientista.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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