Estudo

Beber água pode ter limites

Um novo estudo garante que existem alguns sintomas que indicam se está a beber água demais. Afinal, parece que até a água tem o seu limite.

Hidratação excessiva: é possível? Um novo estudo garante que sim e identifica até os sinais e sintomas de quem bebe demasiada água e dos problemas que tal excesso pode causar, a começar pelos rins. A regra de beber um mínimo de dois litros de água por dia já tinha sido contestada, mas, afinal, como sabemos qual o limite de consumo de água? A resposta está na sede, explica o El País.

Os sinais estão sinalizados no estudo e indicam os sintomas que mostram quando estamos a beber demasiada água, escreve o Observador. “As pessoas que bebem menos água do que deveriam ainda é muito maior do que a população que excede o seu consumo. Porém, é curioso que nos últimos anos se tem observado que cada vez mais cresce o fenómeno de pessoas que têm um estilo de vida saudável andem com a sua garrafa para todo o lado”, explica o investigador Lluís Serra-Majem.

“Não é verdade que consumir mais água do que o recomendado ajuda a perder peso ou a melhorar a saúde. Há, no entanto, uma medida específica de litros a consumir: tudo depende de algo tão simples como a sede. Os seres humanos têm sobrevivido a partir dos primatas até agora pela sede. Porque antes bebia-se apenas quando se tinha necessidade. Agora, bebemos porque temos mais acesso à informação e pensamos constantemente no número de copos que bebemos por dia”, diz o professor Lluís Serra-Majem.

Mais, acrescenta, “de um ponto de vista tanto cardiovascular como metabólico, beber mais copos de água do que o recomendado não deveria supor um problema grave, porque o corpo filtra e elimina essa água. Não conheço nenhuma patologia para o excesso de hidratação, salvo casos graves em atletas e desportistas de elite que, se bebem em excesso, muito mais do que o corpo pode assimilar, podem sofrer fracasso cardiovascular”, conclui.

Um outro estudo da Universidade de Monash, Austrália, demonstrou que o cérebro tem um mecanismo de defesa que se ativa quando vê que está a receber mais líquidos do que aquilo que deveria. Para avaliar os dados, a equipa registava, através de uma ressonância magnética, a atividade cerebral e o esforço que implicava beber água em duas situações: com sede, depois de fazer exercício físico intenso, e sem sede, depois de ter consumido muita água.

Os resultados obtidos concluíam que, nos casos de consumo excessivo de água, criava-se uma sensação de que a garganta se estava a ‘fechar’ e custava até três vezes mais ao beber o líquido. O que acontece é que muitas pessoas não prestam atenção a este sinal de que já se está satisfeito e continuam a beber água por acreditarem que têm de beber aquela quantidade por dia.

Foi nos anos 80, segundo o El País, que se começaram a detetar casos de morte (em atletas) por excesso de hidratação, durante competições de grande duração. Esta situação é conhecida como sendo uma “hiponatremia associada ao exercício físico”. Neste caso, o excesso de hidratação provoca um desequilíbrio hidroeletrónico e aumenta a pressão no crânio, náuseas, vómitos, confusão mental e pode até mesmo chegar a convulsões, coma e morte. Se detetada a tempo, pode-se dar ao doente uma solução salina que volta a equilibrar os níveis.

Numa atualização deste mesmo estudo realizada pela universidade de Oakland, algumas conclusões pertinentes foram atualizadas. Dos 80 casos de hidratação excessiva verificados, os principais afetados foram atletas de elite, como os praticantes de triatlo, escalada, maratonas, treinos militares e até aulas de ioga.

“A minha recomendação é beber apenas quando se tem sede, nem demais nem de menos. E se pretendemos competir neste tipo de provas, devemos treinar com profissionais que nos ensinem a regular os níveis de sódio e a medir a nossa própria hidratação. Não basta ler informação na internet sobre quanta água devemos beber, porque cada corpo é diferente e, nestes casos, o acompanhamento profissional é imprescindível, porque está em jogo a própria saúde”, conclui José Antonio López Calbet, professor de Fisiologia do Exercício da Universidade das Palmas, Grande Canária.

Fonte: 
Observador
Nota: 
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