Estudo

Zika: Vírus pode viver nos olhos e transmitir-se pelas lágrimas

O vírus do Zika pode viver nos olhos e transmitir-se através das lágrimas, segundo estudos realizados em ratos que podem explicar por que alguns pacientes desenvolvem doenças oculares, que em alguns casos causam cegueira.

O estudo, publicado na revista americana Cell Reports, incidiu sobre os efeitos da infeção do vírus nos olhos de ratos em fetos, recém-nascidos e adultos.

“O nosso estudo sugere que o olho pode ser um reservatório do vírus do Zika”, disse Michael Diamond, professor na universidade de Washington, em St. Louis.

“Devemos ter em consideração se as pessoas com Zika têm vírus infecciosos nos olhos e durante quanto tempo persistem”, acrescentou, sublinhando que os pacientes podem espalhar a infeção através das lágrimas.

Os investigadores pretendem alargar o estudo a pessoas infetadas com Zika.

Os ratos foram infetados através da pele, à semelhança das picadas dos humanos por mosquitos, e, uma semana depois, o vírus permanecia vivo nos olhos dos roedores.

Os investigadores admitem que possa existir “uma janela de tempo em que as lágrimas sejam altamente infecciosas e as pessoas possam entrar em contacto com elas e espalhar o vírus”.

O Zika causa apenas sintomas moderados, como febre e urticária, para a maioria das pessoas, mas grávidas que contraiam a doença podem dar à luz bebés com microcefalia, uma deformação caracterizada por cérebros e cabeças anormalmente pequenos.

Um terço dos bebés infetados com Zika no útero tem doenças oculares como inflamação do nervo ótico, problemas nas retinas ou cegueira, segundo os investigadores.

Nos adultos, o vírus pode causar conjuntivite e, em casos raros, uveíte, uma condição em que parte do olho fica inflamado, que pode causar perda total de visão.

Na semana passada, o Comité de Emergências da OMS decidiu que a epidemia de Zika continua a ser uma emergência sanitária de alcance internacional, dada a sua expansão geográfica e o desconhecimento sobre os seus efeitos neurológicos.

Nas últimas semanas foram confirmados quatro casos na Guiné-Bissau e uma centena em Singapura.

A atual epidemia apareceu no Brasil no final de 2014 e já se expandiu a mais de 60 países.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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