Terapias não convencionais

Shiatsu: A massagem terapêutica ao serviço da saúde ocidental

Atualizado: 
13/11/2019 - 12:13
O Shiatsu, ou “pressão com os dedos”, é uma terapia de massagem japonesa com benefícios em várias patologias, mas ainda sem reconhecimento legal em Portugal.
Massagem de shiatsu

As terapias que envolvem aplicação de toque com fins terapêuticos são referenciadas como tendo o seu berço nas civilizações antigas. Apesar da indiscutibilidade do toque ser uma ferramenta transversal a todas as culturas conhecidas. No oriente houve maior investimento na sua aplicação à saúde, mas mais recentemente, têm vindo a conquistar curiosidade e interesse pela comunidade científica ocidental (Field, 2010; Zannella, 2010; Beresford-Cooke, 2011; Morales, 2012; Heller & Schiff, 2013).

Shiatsu é uma dessas terapias que tem vindo a ser procurada e incorporada nas práticas ocidentais de produção de bem-estar com fins terapêuticos.

A palavra Shiatsu significa literalmente “pressão com os dedos” e tem como objetivos tratar, manter e melhorar a saúde através da pressão com os polegares; mãos; cotovelos ou pés. O seu mecanismo de ação baseia-se num estímulo sobre locais específicos de acumulação de energia (Tsubo) que se encontram ao longo de canais energéticos denominados de meridianos. O Shiatsu fundamenta a sua teoria nos princípios da Medicina Tradicional Chinesa e é definido como sendo similar à acupuntura, mas sem recorrer a agulhas (Zanella, 2010; Hatcher, 2012; Bola, 2012; Masanori, 2012; Lamboley, 2013; Yang, 2014 & Lundberg, 2014).  

A visão do sistema energético humano é uma das características chave que diferencia a nossa tradição médica ocidental da oriental. Estes defendem que o corpo humano à semelhança do sistema circulatório e linfático possui um sistema energético percorrido pelo “KI” que é traduzido como energia vital. Quando esta energia se encontra estagnada, diminuída ou aumentada estamos perante um problema potencial ou efetivo de doença/perturbação. Para isso recorre-se a um conjunto de ferramentas para elaborar o diagnóstico, como sejam a teoria dos cinco elementos, palpação de regiões específicas do corpo, diagnóstico pela face e abdómen (Masunaga, 2010; Recours-Nguyen & Nghi, 2011 & Rojas, 2013).

A doença é compreendida como um sintoma de uma perturbação que abrange o indivíduo de uma forma holística, e por conseguinte, a sua forma de vida, os seus costumes e as suas atitudes. Esta teoria centra-se na busca de equilíbrio permanente do ser humano, e quando não é conseguido surge a doença. Esta deve-se a alterações do estilo de vida e distúrbios do foro emocional, energético que mais tarde se manifestarão no corpo (Zhufan, 2010; Recours-Nguyen & Nghi, 2011 & Pierre, 2013).

A teoria atribui ao Shiatsu um leque de atuação alargado, atuando num conjunto de patologias em que os resultados são satisfatórios, tal como em doenças osteoarticulares, respiratórias, emocionais, intestinais entre outras. Sendo de salientar que o Shiatsu não possui a capacidade de curar e não deve ser utilizado como substituto da medicina convencional, mas sim como ferramenta complementar e integrativa.

As vantagens do Shiatsu, ainda não reconhecidas legalmente em Portugal

Esta terapia de massagem japonesa tem uma vantagem quando comparada com outros tipos de massagem, pois permite desenvolver um conjunto de técnicas de forma autónoma, denominando-se de auto Shiatsu ou Do-In (Rojas, 2013).

O governo Japonês reconheceu o shiatsu como terapia em 1964. Em Portugal existe um reconhecimento legal de algumas terapias convencionais como sejam: Acupuntura; Fitoterapia; Homeopatia; Medicina Tradicional Chinesa; Naturopatia; Osteopatia; Quiropráxia (Diário da República, 2013), mas o Shiatsu não está incluído, e portanto não legislado.

Esta Terapia Oriental como ferramenta na prestação de cuidados à pessoa com desequilíbrios tem-se verificado promissora, pois ensina e reeduca hábitos e estilos de vida que conduzem a estados de saúde e bem-estar bio-psico-socio-cultural, para quem recebe e para quem aplica, com o recurso a ferramentas disponíveis e acessíveis: as mãos.

Bibliografia

  • Masunaga, S. (2010). Shiatsu Et Médecine Orientale. Courrier du Livre. Atelier Mandalas collection.
  • Recours-Nguyen , C., & Nghi, N. (2011). Medicina Tradicional Chinesa: Acupuntura, Moxabustão e Massagens. Editora Roca.
  • Beresford-Cooke, C. (2011). Shiatsu: Theory and Practice (3ª ed.). Churchill Livingstone Elseviere.
  • Bola, R. (2012). Shiatsu. Edições Vieira da Silva.
  • Diário da Républica. (2013). Exercicio profissional das atividades de aplicação de terapêuticas não convencionais.
  • Field, T. (26 de Fevereiro de 2010). Touch for socioemotional and phisical Well-Being: a Review. 30, pp. 367-383.
  • Hatcher, J. (2012). Le Shiatsu; L´équilibre du corps et de l´esprit. De Boree. La memoire du temps collection.
  • Heller, M., & Schiff, W. (2013). The psychology of Touch. Psychology Press.
  • Jiazhen, L., & Zhufan, X. (2010). Medicina Interna Tradicional Chinesa. Editora Roca.
  • Lamboley, D. (2013). Shiatsu. Marasout.
  • Lundberg, P. (2014). The New Book of Shiatsu: Vitality and health through the art of touch. Octopus Publishing Group.
  • Masanori, O. (2012). Precis De Shiatsu - Kuretake - Techniques Fondamentales Et Superieures. DANGLES. Rough Guides Collection.
  • Morales, J. (2012). Shiatsu: Terapia manual japonesa para cuidar tu salud. Hispano Europea.
  • Pierre, T. (2013). Dictionnaire De L'Acupuncture Et Du Shiatsu. Sully. Le Lien Social Collection.
  • Rojas, F. (2013). Le Do-IN: une méthode dáuto-massage venue d´Orient. Éditions Lanore.
  • Yang, L. (2014). Shiatsu ; L'Équilibre Du Corps Et De L'Esprit. De Boree. Saint en Poche Collection.
  • Zannella, G. (2010). Shiatsu Psicosomático: Tra Corpo ed emozioni (2ª ed.). Tecniche nuove. Natura e Salute raccolta.

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Autor: 
Enfermeira Cristina Raquel Batista Costeira - Enfermeira no IPOCFG - E.P.E. Cirurgia Internamento e Enfermeiro Nelson Jacinto Pais - Enfermeiro Graduado no IPOCFG - E.P.E. Unidade de Dor
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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