12 de março - Marcha Mundial pela Endometriose

Quando as dores menstruais são sinónimo de doença

A Endometriose é uma doença com um diagnóstico, geralmente, demasiado tardio. O desconhecimento dos sintomas por parte das mulheres e o desconhecimento diferenciado neste campo específico da ginecologia, contribuem para a falta de qualidade de vida de quem passa por esta realidade.

Em Portugal não há números absolutos sobre a doença, mas há estimativas que antecipam a dimensão do problema. De acordo com um levantamento feito pela Mulherendo – Associção Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose “estima-se que a doença atinja uma em cada dez mulheres em idade fértil”, afirma Susana Fonseca, presidente da MulherEndo. O que significa que esta doença atinge mais de 240 mil mulheres portuguesas entre os 15 e os 49 anos (idade fértil), de acordo com cálculos que tiveram por base os Censos de 2011 e respetiva atualização de resultados de junho do ano passado.

A endometriose consiste no aparecimento e crescimento do tecido endometrial fora do útero, sobretudo na cavidade pélvica, nos ovários, atrás do útero, nos ligamentos uterinos, na bexiga ou no intestino (ainda que também possa aparecer fora do abdómen como nos pulmões ou outras partes do corpo). Os sintomas são dores menstruais de intensidade ligeira a forte com sangramentos irregulares (e abundantes), e quistos nos ovários. Esta doença altera a qualidade de vida das mulheres e reflete-se nas várias vertentes da vida: no meio familiar, social e laboral.

Apesar dos avanços no tratamento da endometriose, ainda não existe cura e pouco se sabe sobre as causas. A doença costuma-se diagnosticar entre os 25 e os 35 anos, apesar dos primeiros sinais se manifestarem anos antes, com o início da menstruação. Há casos em que passam cinco ou dez anos desde que a mulher deteta os primeiros sintomas até ao diagnóstico de endometriose, “é um período demasiado longo que além de prejudicar a qualidade de vida de quem dela sofre, pode acarretar graves problemas médicos como a infertilidade”, explica a Dra. Catarina Godinho, ginecologista especialista em medicina da reprodução no IVI Lisboa.

No que à fertilidade diz respeito, o tratamento da endometriose melhorara as possibilidades das mulheres conseguirem uma gestação por via espontânea. Sabe-se que a doença pode afetar a fertilidade da mulher, uma vez que esta diminui a reserva de ovócitos e a qualidade dos mesmos, explica a médica especialista.

Estima-se que 25% das mulheres inférteis sofram desta doença e existe o mito de que a gravidez cura, o que também não é verdade”, comenta Susana Fonseca. A presidente da associação admite que “durante o período de gestação, a doença fica adormecida”, mas a mesma pode regressar após o parto e “com muito mais força”, refere, alertando ainda para o facto de “os tratamentos de fertilidade agravarem, em muito, a doença”. Portanto, a recomendação da Mulherendo é “primeiro tratar da doença e só depois partir para uma gravidez”.

Em conclusão a Mulherendo deixa um alerta a todas as mulheres, “a endometriose é uma doença “desconhecida”, de um modo geral desvalorizada pela classe médica, se as mulheres acharem que ter dores menstruais, é normal, e pensarem que ao queixarem-se será sinónimo de “pieguice”, estão a ser as suas primeiras inimigas”. Conclui, “é imprescindível estarem atentas aos sintomas: além das dores menstruais fortes, se há dores nas relações sexuais, obstipação e prisão de ventre, dificuldade em urinar durante a menstruação, é preciso procurar ajuda médica”.

Marcha pela Endometriose
Existe uma clara falta de informação sobre esta patologia, os seus sintomas e consequências, pelo que no próximo dia 12 de março, se volta a repetir pelo terceiro ano consecutivo a Worldwide EndoMarch (Endomarcha ou marcha munidal pela endometriose) em Lisboa. Este evento realiza-se a nível mundial é organizado pela Million Women March, e tem como objetivo dar a conhecer a situação das pacientes com Endometriose e chamar a atenção tanto da sociedade como dos meios de comunicação social e gerar mais informação em torno da doença.

Em Portugal a marcha é organizada pela Mulherendo - Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, e tal como se pode ler no seu site www.mulherendo.pt, este ano o dia da Marcha não coincide em todos os países, tendo sido dada a cada um a liberdade para escolher o dia que fosse mais conveniente para o seu país. “Em 2014, a nossa primeira marcha, foi um verdadeiro sucesso, contando com cerca de 200 pessoas. O ano passado ultrapassámos as 300 pessoas sendo um dos países em todo o mundo com maior adesão. Este ano queremos mais, muito mais!”, exclama Susana Fonseca a Presidente da Mulherendo.

No próprio dia a Mulherendo organiza ainda algumas atividades que visam dar a conhecer a doença. Estará uma tenda na Praça do Comércio onde a partir das 10h haverão atividades e onde estará presente a Associação Portuguesa de Fertilidade e médicos para esclarecer as dúvidas de quem passar ou se quiser juntar à iniciativa.

A marcha começa às 15h e o percurso este ano é de sensivelmente 30 minutos em caminhada lenta: Praça do Comércio - Rua Augusta - Rua da Betesga - Contornar Praça da Figueira - Rua dos Fanqueiros, Rua da Alfândega - Praça do Comércio.

Fonte: 
Grupo IVI
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.