Indústria farmacêutica

Profissionais de saúde receberam 112 milhões de euros em patrocínios

Ordem dos Médicos diz que Ministério da Saúde entregou formação de quem trabalha nos hospitais e centros de saúde às empresas farmacêuticas.

Os profissionais de saúde são os maiores beneficiários dos patrocínios da indústria farmacêutica. No ano passado, 2017, os valores registados na plataforma de transparência do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) atingiram um recorde: 80,9 milhões de euros, entre eles 42 milhões para os profissionais de saúde.

Os números fornecidos à TSF revelam que nos últimos três anos o grupo dos médicos, farmacêuticos, enfermeiros ou dentistas foi sempre o maior beneficiário dos apoios das empresas do setor: 31,3 milhões em 2015, 38,5 milhões em 2016 e agora 42 milhões em 2017.

Ao todo, nos últimos três anos foram 112 milhões de euros para os profissionais da área, mais de metade do total de patrocínios da indústria farmacêutica registados pelo Infarmed, ou seja, 220 milhões.

Os segundos maiores beneficiários dos apoios da indústria são as sociedades médicas ou associações de investigação (17 milhões em 2017), seguindo-se as associações de doentes ou profissionais (7,5 milhões no mesmo ano).

Em 2017 os donativos subiram para todas as entidades, no entanto, esse aumento pode estar relacionado com uma nova lei que entre outras mudanças passou a obrigar, além da indústria farmacêutica, as empresas de material médico a divulgar onde e quanto gastam com patrocínios.

Médicos falam em alerta para o Governo
Reagindo a estes números, o bastonário da Ordem dos Médicos admite que são valores muito elevados, mas garante que não colocam em causa a independência dos profissionais nas decisões que tomam, sublinhando que esta é a única área onde se tem de declarar ao Infarmed, publicamente, os apoios que recebem.

Miguel Guimarães acusa, contudo, o governo de entregar a investigação e formação dos médicos quase exclusivamente à indústria farmacêutica algo que, na sua opinião, não faz sentido.

O bastonário afirma que hoje o apoio à formação médica vem quase exclusivamente da indústria, sobretudo dos patrocínios das empresas de medicamentos, sendo valores que deviam chamar a atenção do Ministério da Saúde que "não aposta nada" na investigação e formação dos profissionais de saúde e em especial dos médicos.

Desde março de 2013 que médicos, farmacêuticos, enfermeiros e associações de doentes estão obrigados a declarar todos os patrocínios, subvenções e outros prémios que recebem das farmacêuticas, desde que o valor seja superior a 25 euros.

Fonte: 
TSF Online
Nota: 
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