Suspeitas de favorecimentos

Ordem dos Médicos vai fazer auditoria a concursos no Serviço Nacional de Saúde

A Ordem dos Médicos anunciou que pretende fazer uma auditoria aos concursos no Serviço Nacional de Saúde, por suspeitar de favorecimentos ilícitos durante a fase de entrevistas a candidatos.

Segundo o bastonário José Manuel Silva, já foi feita uma denúncia ao Ministério Público, a propósito de um concurso específico, em que se suspeita de favorecimento a colegas que tinham feito a especialidade no hospital ao qual pertenciam os elementos do júri.

Neste concurso para contratação de jovens especialistas, que o bastonário se escusou a revelar onde tinha decorrido, houve médicos que desceram dois ou três valores em relação às notas de exame e outros que subiram também dois ou três valores.

“Não há cultura de isenção em Portugal para a realização deste tipo de entrevistas. Está a haver a subversão do espírito de avaliação, por causa da entrevista. Daí que o exame seja tão importante. Queremos fazer uma auditoria nacional para perceber o que se está a passar neste tipo de concursos”, revelou José Manuel Silva.

O bastonário explicou que estes concursos são regionais, com júris escolhidos pelas administrações regionais da Saúde, considerando ainda que não faz sentido que os elementos que o compõem sejam predominantemente de um mesmo hospital.

Um caso concreto já foi enviado para análise ao Ministério Público, à Inspecção-geral das Actividades em Saúde e à Provedoria de Justiça.

 

Júris de concursos do SNS perguntam a médicas candidatas se pretendem engravidar

Várias médicas denunciaram a um advogado da Ordem dos Médicos que, nos concursos de selecção para unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), lhes era perguntado se pretendiam engravidar, uma situação que o bastonário repudia veementemente.

Segundo o bastonário José Manuel Silva, a situação passou-se em entrevistas em concursos de provimento de admissão em unidades do SNS, embora as jovens médicas em causa não queiram identificar-se nem nomear os júris em que a situação ocorreu, por receio de serem penalizadas. Contudo, o advogado a quem estas médicas solicitaram ajuda colocou a questão por escrito à direcção da Ordem.

“O que me entristece e me deprime é estas perguntas terem sido colocadas por médicos”, afirmou José Manuel Silva.

“As mulheres têm cada vez menos condições para engravidar. Não se dá estabilidade nem condições de trabalho com dignidade e ainda se põem entraves. Perante isto, tudo o que se possa falar de medidas para aumentar a taxa de natalidade é uma hipocrisia”, declarou o bastonário.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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