Hospital Gaia/Espinho

Cirurgia pioneira do linfedema do braço com transplante de gânglios linfáticos

O Serviço de Cirurgia Plástica e Unidade de Microcirurgia do Hospital Gaia/Espinho realizou hoje uma cirurgia pioneira no país para o tratamento do linfedema do braço, uma doença que afeta cerca de 50% das mulheres submetidas a mastectomia.

“É uma cirurgia que permite a reconstrução do sistema linfático que é lesionado durante a cirurgia de mastectomia (remoção completa da mama), em doentes com cancro da mama”, explicou o cirurgião Gustavo Coelho, que introduziu esta técnica em Portugal.

O tratamento, segundo o especialista, consiste no transplante de gânglios linfáticos do pescoço/cervical para o punho, recorrendo a técnicas microcirúrgicas.

O linfedema do membro superior é a complicação mais frequente pós mastectomia, com uma prevalência elevada, podendo atingir cerca de 50% das doentes submetidas a mastectomia.

Frequentemente, os doentes submetidos a mastectomia são também submetidos à excisão dos gânglios linfáticos. Este procedimento torna-se necessário porque existe a possibilidade de algumas células cancerígenas poderem ficar alojadas nesses gânglios. Essa remoção vai tornar o processo de retorno da linfa (fluído linfático) ao sistema circulatório mais lento, o que pode conduzir a um inchaço/edema no braço.

A segunda cirurgia com esta nova técnica, a que a Lusa assistiu, foi hoje realizada, mas a primeira doente operada, no passado mês de outubro, Rosa Carvalho, de 52 anos, que se deslocou ao hospital para o curativo, explicou que “as melhoras já são muitas, o braço desinchou e o peso e as dores são muito menores”.

Rosa Carvalho apresentava um linfedema grave do braço esquerdo após a realização de uma mastectomia por cancro da mama, realizada há cinco anos.

“O médico explicou-me que ia ficar com o braço mais leve, mais magrinho, mas que a recuperação será gradual. Eu já sinto melhoras”, afirmou Rosa Carvalho.

A doente contou que “o peso era de tal forma que já não conseguia comer de faca e garfo, tinha de pousar o braço na mesa. Hoje já o consigo fazer, embora ainda sinta a tendência de pousar o braço”.

O cirurgião Gustavo Coelho esclareceu que, “do ponto de vista estético, temos um membro com um volume duas a quatro vezes maior, mas também do ponto de vista funcional as doentes têm uma limitação muito grande”.

O linfedema é muitas vezes associado ao cancro da mama, mas ele pode acontecer por outro tipo de patologias, nos membros superiores e inferiores.

“Associado ao cancro da mama a prevalência é muito alta. Pensa-se que cerca de 50% das cerca de seis mil mulheres que são mastectomizadas e submetidas à excisão dos gânglios linfáticos vão desenvolver linfedema do braço, isto faz com que existam cerca de três mil novos casos de linfedema por ano em Portugal”, frisou.

Segundo o especialista, “os benefícios desta técnica são óbvios, com uma franca melhoria dos sintomas como dor, melhoria significativa e duradoura da deformidade do membro afetado, mobilidade, e um retorno da qualidade de vida que, infelizmente, estes doentes perdem com a progressão desta doença”.

A maioria dos linfedemas do membros superiores desenvolve-se entre o primeiro e o segundo ano após a cirurgia oncológica, havendo no entanto observações clínicas de aparecimento tardio, mais de 10 anos após a terapêutica inicial.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho afirma ser pioneiro em Portugal no tratamento do linfedema dos membros superiores com a técnica de transferência de gânglios linfáticos vascularizados submentoneanos (cervicais).

Refere ainda que, até agora, o tratamento para o linfedema tem sido, maioritariamente, paliativo, com o objetivo de prevenir a progressão da doença e alívio dos sintomas. As opções cirúrgicas disponíveis são muito limitadas e com resultados muitas vezes não satisfatórios”.

Com a realização desta técnica, o Serviço de Cirurgia Plástica pretende tornar-se num futuro centro de referenciação no tratamento desta patologia.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay