Universidade do Porto

Avaliados efeitos do exercício em quem se submeteu a cirurgia da obesidade

Investigadores da Universidade do Porto estão a estudar alterações físicas em pessoas que realizaram cirurgia bariátrica (cirurgia da obesidade) e possíveis benefícios do exercício físico na prevenção da perda da massa óssea e muscular associadas a essa intervenção.

A cirurgia bariátrica "é um procedimento cirúrgico geralmente destinado a pessoas com obesidade de grau III, definida por um índice de massa corporal igual ou superior a 40 quilos por metro quadrado", indicou o coordenador do projeto, Hélder Fonseca.

De acordo com o investigador, apesar dos benefícios deste procedimento cirúrgico no controlo do peso e na redução de fatores de risco cardiovascular associados à obesidade, como por exemplo a diabetes tipo 2 e a hipertensão arterial, os doentes submetidos a esta cirurgia podem, a longo prazo, desenvolver perdas significativas de massa óssea e de massa muscular.

"Estas alterações podem diminuir a resistência óssea e aumentar o risco de fraturas ósseas em consequência de quedas ou de outras situações traumáticas", indicou o investigador.

O exercício físico tem demonstrado ser "um excelente meio para contrariar essas alterações noutros contextos patológicos, não se conhecendo, até agora, nenhuma outra alternativa terapêutica eficaz", acrescentou.

Um dos objetivos do projeto BaSEIB Clinical Trial, iniciado a 01 de abril de 2016, é compreender melhor as alterações físicas, metabólicas e de composição corporal, que ocorrem durante o primeiro ano após a cirurgia bariátrica.

Por outro lado, pretende-se avaliar o efeito de um programa de exercício físico, adaptado a pessoas que realizaram a cirurgia, na prevenção da perda de massa óssea e muscular e no risco de quedas.

Para o estudo são recrutados pacientes com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos, divididos aleatoriamente num grupo de controlo - que para além da cirurgia apenas recebe os cuidados e seguimento médico habituais - e outro de intervenção.

Os selecionados para este último grupo estão sujeitos a sessões de exercício físico (que só se iniciam um mês após a cirurgia e decorrem durante 11 meses consecutivos), três vezes por semana, com a duração de 60 minutos em cada sessão.

De forma a cumprir os objetivos do projeto são realizadas avaliações da composição corporal e da densidade mineral óssea do paciente, da resistência óssea, da força muscular dos membros inferiores e do tronco, da aptidão cardiorrespiratória, do equilíbrio estático e dinâmico e da atividade física diária.

Para além disso, analisam o estado nutricional, a qualidade de vida, o estado geral de saúde, a ansiedade e a depressão.

Colheitas de sangue são também realizadas com o intuito de analisar um conjunto de marcadores bioquímicos relacionados com o metabolismo energético, ósseo e hormonal.

Até ao momento, foram recrutados e estão a ser seguidos 25 pacientes, residentes no norte de Portugal (para que se possam deslocar facilmente à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, onde o estudo é desenvolvido), que realizaram cirurgia bariátrica no Hospital de São João (HSJ).

O recrutamento de participantes prolonga-se por mais um ano, esperando os investigadores incluir no estudo um total de 120 pacientes.

Este projeto resulta de uma colaboração entre o Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer e do Laboratório de Biomecânica do Porto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, bem como o Serviço de Cirurgia Geral do HSJ.

A investigação, cuja previsão de fim é março de 2019, é financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e cofinanciada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do COMPETE - Programa Operacional Fatores de Competitividade, em cerca de 159 mil euros.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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