O que fazer?

Sequelas do Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Atualizado: 
07/08/2019 - 15:18
Infelizmente, o acidente vascular cerebral deixa frequentemente sequelas causadoras de incapacidade. No entanto, é possível melhorar!
Homem a andar com andarilho

Um acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando uma parte do cérebro deixa de ser irrigada pelo sangue. Isto sucede sempre que um coágulo se forma num vaso sanguíneo cerebral ou é transportado para o cérebro depois de se ter formado noutra parte do corpo, interrompendo o fornecimento de sangue a uma região do cérebro.

Habitualmente ocorre hemiplegia (esquerda ou direita), ou seja, paralisia de um dos lados do corpo; perda da capacidade da linguagem chama-se, ou seja, afasia; podem ainda ocorrer perda da sensibilidade ou da força no lado afectado, perturbações do equilíbrio e alterações da visão.

Uma pessoa que sofre um AVC deve sempre ser observada num hospital, no mais curto espaço de tempo, para se avaliar a necessidade de internamento e ser estabelecido tratamento adequado, até para evitar que o acidente se repita.

Quando vai para casa, não obstante a sua incapacidade, é importante que o doente procure executar tarefas da vida diária, como sejam, virar-se na cama, levantar-se e sentar-se na beira da cama, lavar-se, comer, reeducar os intestinos e a bexiga ou utilizar a cadeira de rodas.

A maior parte das pessoas consegue, após um AVC, voltar a executar, sozinhas, essas actividades, desde que tenham a ajuda e o encorajamento adequados; outras aprendem o suficiente para necessitarem de pouca assistência. Contudo, os doentes devem, por si próprios e o mais cedo possível, procurar a autonomia e desempenhar um papel activo na sua recuperação. É natural que tenham receio de experimentar novas ocupações.

De início, devem ser estimuladas a realizar tarefas simples que estejam ao seu alcance, sendo-lhes dada a ajuda suficiente para que obtenham bons resultados.

Alguns aspectos a valorizar pelos familiares quando prestam cuidados aos doentes com AVC:

1. Deve ser dada apenas a ajuda necessária para que a pessoa consiga executar determinada tarefa. Há famílias que, com boas intenções, prestam demasiada ajuda, o que leva a que o doente não faça o suficiente pelos seus próprios meios e, por conseguinte, perca a confiança em si próprio. Deve deixar que execute sozinho as tarefas mesmo que demore mais tempo.

2. Deve-se encorajar o doente sem se lhe exigir demasiado. É necessário ser firme, mas compreensivo, e nunca se mostrar impaciente ou zangado.

Depois do AVC, o doente pode ter reacções estranhas, como chorar ou rir, sem motivo aparente. Isto não deve causar preocupação, porque se trata de uma manifestação normal da doença, que desaparece progressivamente com a sua evolução.

3. O doente deve ser encorajado a receber visitas, a sentar-se na varanda ou no jardim e a passear na rua. Não deve ficar isolado.

4. Não esquecer que, apesar da sua incapacidade, este doente deverá ser tratado com respeito, ser integrado nos assuntos da família, sendo-lhe pedida ajuda em pequenos trabalhos domésticos.

5. Deve estimular-se o doente a sair de casa e a integrar-se na comunidade. Existem centros de dia para pessoas idosas e com incapacidades, que podem proporcionar-lhe outras companhias e actividades. Quanto mais ocupado e activo estiver, melhor será a sua atitude, disposição e recuperação.

Apoio especializado

Para ajudar as pessoas que tiveram um AVC, para além do contributo da sua família e amigos, pode ser necessária a intervenção de vários profissionais.

Médico Assistente

Um acidente vascular cerebral ocorre, geralmente, em indivíduos que antes do AVC já tinham outra doença, tal como tensão alta, doenças do coração ou diabetes. Assim, a pessoa poderá ter de fazer dieta, tomar medicamentos ou ter outros cuidados para controlar essa situação. Poderá, ainda, necessitar de um analgésico, devido a um problema articular que tenha surgido no lado afectado. O médico assistente prestará ajuda e encaminhá-la-á, se necessário, para um fisioterapeuta ou outro profissional, acompanhando o trabalho deste.

Enfermeiro

Cabe ao enfermeiro orientar o doente e estimulá-lo a fazer os exercícios em casa, assim como aconselhar quanto aos cuidados a ter com a pele, bexiga e intestinos e ajudá-lo na escolha e utilização de dispositivos e aparelhos de que necessita.

Cabe-lhe também dar informações, apoio e orientações à família e a outras pessoas envolvidas na prestação de cuidados.

Fisioterapeuta

Fará os tratamentos indicados pelo médico e treinará a pessoa na execução de exercícios e no uso das ajudas técnicas (bengala, cadeira de rodas, etc.). Apesar de não reverter as lesões cerebrais, a fisioterapia pode melhorar substancialmente a capacidade motora e a qualidade de vida.

Terapeuta ocupacional

Ajudará o doente a automatizar-se, com as capacidades restantes, nas actividades da vida diária.

Terapeuta da fala

Procederá à avaliação e tratamento, ou ensinará os familiares a encarregarem-se dos exercícios de reeducação da fala.

Assistente social

A assistente social, que pode estar ligada a qualquer entidade ou organização local (autarquia, centro de saúde, paróquia, etc.), dará informações sobre os direitos relativos à assistência financeira (incluindo apoio no preenchimento dos impressos e elaboração dos pedidos) e sobre os serviços disponibilizados pelas entidades e organizações locais.

Saúde Mental

A depressão é frequente nos sobreviventes de um AVC, que muitas vezes necessitam de apoio dos profissionais de saúde mental. O apoio emocional de familiares e amigos é também muito importante para se aprender a viver com as consequências de um AVC.

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Fonte: 
DGS
Nota: 
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