Estudo

Suicídio pode ser prevalente entre grupos específicos de sobreviventes

Os sobreviventes de cancro infantil podem ser mais propensos a morrer por suicídio ou por causas relacionadas a comportamentos de risco do que a população em geral, de acordo com um estudo publicado na revista Cancer.

“Os suicídios e lesões estão entre as principais causas de morte em jovens a nível mundial; por outro lado, como as morbidades psiquiátricas são muito prevalentes em indivíduos sobreviventes de cancro infantil, existia uma necessidade real de avaliar se esta população tinha, ou não, uma maior propensão a experimentar pensamentos suicidas”, explicou Liisa M. Korhonen, investigadora do Hospital Universitário de Helsínquia, na Finlândia.

Um estudo anterior realizado na Dinamarca mostrou que as mulheres sobreviventes de cancro apresentavam um risco significativamente maior de sofrer de sintomas como ansiedade, depressão, distúrbios de personalidade, distúrbios neuróticos e distúrbios psicóticos, em comparação com as suas irmãs que não haviam sido diagnosticadas com cancro.

Outro estudo, desta vez realizado na Suécia, mostrou que os sobreviventes de cancro têm uma propensão a consumirem álcool em excesso, e com mais frequência, do que a população em geral.

Para o estudo atual, os investigadores usaram registos nacionais para identificar 29 285 pessoas da Dinamarca, Finlândia ou Suécia que tinham sido diagnosticadas com cancro antes dos 20 anos de idade.

A investigação também utilizou registos para avaliar as causas de morte, especificamente mortes por suicídios, mortes acidentais, mortes violentas e mortes por abuso de álcool ou drogas.

O acompanhamento teve uma duração média de 9,4 anos para os sobreviventes de cancro infantil e de 18,1 anos para a população que serviu como grupo de controlo; no final do estudo, 32,5% das pessoas diagnosticadas com cancro e 1,3% dos indivíduos que pertenciam ao grupo de controlo haviam morrido. Determinou-se que o cancro foi a causa de morte para 90,3% das pessoas diagnosticados com a doença na infância e para 10,3% das pessoas no grupo de controlo.

Os resultados mostraram que os sobreviventes de cancro infantil tinham um risco aumentado de morte devido a comportamentos de risco para a saúde; os resultados não variaram entre sobreviventes do sexo feminino e masculino.

Análises específicas revelaram que o envenenamento por álcool e o suicídio eram prevalentes entre sobreviventes de cancro infantil.

Quando os cientistas estratificaram os resultados por tipo de cancro, observaram um risco significativamente elevado de morte relacionada a comportamentos de risco para a saúde apenas entre pessoas que haviam sido tratadas por tumores do sistema nervoso central.

O risco de morte devido a comportamentos de risco também pareceu ser significativamente maior entre aqueles que foram diagnosticados com cancro entre os 5 e os 9 anos de idade e entre os 15 e os 19 anos.

“Embora a maioria dos pacientes não recorra ao suicídio ou morra devido a comportamentos de risco, a verdade é que existe uma percentagem, nomeadamente de pacientes que, enquanto crianças, fizeram tratamentos contra tumores do sistema nervoso central, que se mostrou ser um grupo particularmente vulnerável”, disseram os cientistas.

“Estas descobertas enfatizam a necessidade de garantir que exista um maior apoio psicossocial durante o acompanhamento a longo prazo de indivíduos diagnosticados com cancro durante a infância”.

Fonte: 
PIPOP
Nota: 
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