Quase um quarto da população da ilha Graciosa tem diabetes, muitos sem saber

Nos últimos 2 anos, um grupo de trabalho, integrando médicos endocrinologistas do Hospital Divino Espírito Santo, de Ponta Delgada, e da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, em colaboração com especialistas em Medicina Geral e Familiar, nutricionistas e enfermeiras da Unidade de Saúde da Ilha Graciosa, procederam ao levantamento da diabetes naquela ilha, com uma população de 4.090 habitantes, de acordo com os censos 2021.
Os investigadores aplicaram o questionário FINDRISC (Finnish Diabetes Risk Score), que avalia o risco de uma pessoa desenvolver diabetes tipo 2 nos próximos 10 anos, numa amostra aleatória da população da ilha, entre os 20 e os 70 anos de idade.
Os inquiridos com uma pontuação igual ou superior a 15, portanto, com alto risco de diabetes nos próximos 10 anos, foram submetidos a análises de sangue, incluindo a prova de sobrecarga oral com 75 g de glicose. Os resultados demonstram que, entre 22% a 23% da população da ilha, entre os 20 e os 79 anos, tem diabetes, sendo que 26% não sabia que tinha a doença.
No estudo hoje apresentado na Reunião do Grupo de Estudos da Diabetes da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Metabolismo e Diabetes, em Fátima, Maria Ponte, endocrinologista, realçou, ainda, que a glicemia, 1 hora após sobrecarga de glicose, é um critério mais sensível do que a glicemia às 2 horas, o que confirma a indicação proposta pela Federação Internacional da Diabete.
Em conclusão, segundo João Anselmo, endocrinologista do Hospital Divino Espírito Santo, “o aumento da prevalência da diabetes em particular nas ilhas mais pequenas, obriga a uma vigilância periódica da sua prevalência para aferição da eficácia das medidas tomadas na prevenção da doença”.