Estudo

Obesidade está a aumentar mais nas zonas rurais, dizem investigadores

Um estudo, liderado pelo Imperial College London, e que contou com a colaboração do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), vem mostrar que a obesidade está a aumentar mais nas zonas rurais do que nas urbanas. De acordo com os investigadores, o ganho de peso nas áreas rurais é o que está a impulsionar a epidemia de obesidade a nível mundial.

O trabalho, publicado recentemente na revista Nature, analisou informação sobre o peso e a altura de 112 milhões de pessoas de 200 países, entre os anos de 1985 e 2017, e mostrou que, desde 1985, a média do Índice de Massa Corporal (IMC) nos ambientes rurais cresceu 2.1 kg/m2 em homens e mulheres. Nas cidades, o crescimento foi de 1.3 kg/m2 nas mulheres e de 1.6 nos homens.

De acordo com Majid Ezzati, um dos investigadores do Imperial’s School of Public Health, “estes resultados evidenciam que necessitamos de repensar a forma como lidamos com este problema de saúde global”.

Apesar de o estudo não analisar os aspetos que explicam o aumento global da obesidade nas zonas rurais, Elisabete Ramos, uma das investigadoras do ISPUP envolvidas no estudo, adianta que tal se poderá explicar pelo facto de “os trabalhos pesados na agricultura serem cada vez mais mecanizados e de existir uma aproximação da alimentação aos padrões mais urbanos”.

Para a investigadora, “a grande valia deste trabalho é oferecer um retrato abrangente sobre a evolução do IMC ao longo de três décadas e mostrar como a evolução foi diferente em diferentes regiões. Apesar de constatarmos uma tendência global, o aumento do peso nas zonas rurais foi mais sentido nos países de baixo rendimento. Isto porque nos países de rendimento elevado – onde Portugal está integrado – as diferenças entre o rural e o urbano já na década de 80 (o período inicial do estudo) eram menores do que nos países de baixo rendimento”.

Embora os dados globais mostrem um maior peso das áreas rurais no aumento do IMC, nos países de elevado rendimento, mais de 75% do aumento do IMC, entre 1985 e 2017, é explicado pelo aumento nas áreas urbanas.

Com este trabalho, que vêm reforçar o papel do ambiente na evolução desta epidemia, os investidores alertam para a necessidade de se desenvolverem políticas e medidas públicas que promovam contextos mais saudáveis quer no meio rural quer no urbano.

Fonte: 
Universidade do Porto
Nota: 
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