Famílias portuguesas investem quatro vezes mais na atividade desportiva das crianças do que na dos adultos

A prática de exercício físico é uma realidade para 65,1% dos portugueses inquiridos, sendo que a maioria opta por praticar ao final da tarde (50,7%), dando prioridade a espaços ao ar livre (58,4%), embora ginásios (32,9%) e treinos em casa (32,4%) também tenham grande expressão, com uma frequência de duas vezes a três vezes por semana (19,7% e 18,7%, respetivamente).
Os principais motivos para a prática são a promoção da saúde física (30,3%), o controlo do peso corporal (19,3%) e a gestão do stress (16,6%). Além dos benefícios físicos, os portugueses reconhecem de forma clara os impactos do desporto na saúde mental. Uma perceção esmagadora de 85,3% considera que a prática desportiva contribui de forma importante ou muito importante para o seu bem-estar psicológico. Estes dados confirmam o papel essencial do exercício na qualidade de vida, não apenas ao nível físico, mas também emocional e mental.
A maioria (56,6%) referiu ainda praticar desporto sozinho e expressou muito interesse ou interesse em aumentar a sua prática desportiva (43% e 30%, respetivamente).
O ginásio foi apontado como sendo o tipo de desporto mais praticado pelos inquiridos, contando com 31,2% do seu total, seguido de corrida e yoga/pilates.
Os inquiridos não-praticantes revelaram que a falta de tempo e de energia são os principais obstáculos (27,3% e 28,6%, respetivamente), seguidos pela falta de interesse (25,7%) e pela falta de companhia (15,3%).
Os homens, em comparação com as mulheres, praticam desporto como lazer/diversão e em busca do sentimento de superação como motivações principais (61,9% vs. 38,1%; 60% vs. 40%, respetivamente). As mulheres, em comparação com os homens, referem como barreiras para a prática do desporto razões financeiras (72,4% vs. 27,6%), a falta de energia (69,40% vs. 30,60%) e o desconforto (67,6% vs. 32,4%).
O estudo revela ainda uma lacuna no apoio das empresas à prática desportiva: 94,3% dos inquiridos não recebem qualquer apoio da entidade patronal para atividades desportivas, embora 61,2% considerem essencial que isso mude.
Impacto da tecnologia na prática de exercício físico
A tecnologia tem um papel cada vez mais relevante na prática de exercício físico. Mais de metade dos inquiridos (54,6%) utiliza dispositivos eletrónicos, sendo os mais comuns o telemóvel (62,3%), wearables como smartwatches (57,5%) e auscultadores (41%). A sua utilização centra-se, sobretudo, na monitorização do desempenho (70,4%), consumo de música ou podcasts (56,8%) e acompanhamento de métricas como distância percorrida, frequência cardíaca e calorias queimadas. A tecnologia é também vista como um fator de motivação (72,2%) e personalização do treino (51%).
Entre os participantes que utilizam dispositivos eletrónicos, 47,7% referem sentir-se mais seguros a praticar desporto com o auxílio da tecnologia. Entre estes, a principal razão apontada para essa sensação de segurança é a monitorização da saúde em tempo real (73,3%), seguida pelo uso de aplicações de treino inteligente (39,6%) e pela geolocalização (29,1%).
Prática desportiva nas gerações mais novas
No que diz respeito à prática desportiva entre os mais jovens, o estudo mostra que 73,9% dos filhos dos inquiridos praticam desporto regularmente. As modalidades mais comuns são natação (42,5%), futebol (33,8%), musculação (14,5%) e artes marciais (13%). A maioria das crianças pratica desporto com frequência: 32,9% pratica desporto pelo menos duas vezes por semana. Os locais mais utilizados são clubes (62,8%) e ginásios (29%).
O estudo confirma a importância crescente do exercício físico na vida dos portugueses, tanto a nível individual como familiar. Os baixos custos praticados pela maioria revelam o valor atribuído a soluções acessíveis, mas também uma oportunidade para políticas públicas e privadas que incentivem ainda mais o desporto, sobretudo com o apoio de entidades patronais.
A amostra final do estudo contou com 1103 participantes, uma amostra representativa da população portuguesa ao nível de idade, género e localização geográfica, de acordo com os Censos 2021. Os participantes dividem-se entre 51% mulheres e 47,9% homens, com idades maioritariamente entre os 20 e os 69 anos. Em termos de escolaridade, 69,6% têm ensino superior, e a maior parte dos agregados familiares situa-se nos escalões de rendimento entre os 2000€ e os 3000€ mensais líquidos. As regiões mais representadas foram o Norte (34,1%), Lisboa (29,4%) e o Centro (20,7%).
O principal objetivo do estudo foi auscultar a população ativa portuguesa acerca da prática de exercício físico perante um mundo tecnológico. Este estudo foi dividido em duas fases. Numa primeira fase, procurou-se compreender como e quando os portugueses praticam desporto, a frequência dessas práticas e os seus padrões preferenciais. Além disso, analisou-se igualmente o impacto da tecnologia na prática desportiva, assim como os hábitos e padrões de exercício físico entre as gerações mais jovens. Numa segunda fase, analisou-se as diferenças significativas entre idade, género e região geográfica de Portugal relativamente às temáticas abordadas na primeira fase do estudo.
As conclusões do estudo foram apresentadas oficialmente no 4º encontro do ciclo Challenging the Future, com a presença e contributos da atleta olímpica Patrícia Mamona, o diretor da Academia do Champs, Pedro Carvalho e da psicóloga Ana Bispo Ramires.