Sobreviventes

Estudo mostra que risco de cancro secundário é maior entre sobreviventes

Um estudo realizado na Austrália mostrou que, apesar dos progressos nos tratamentos, as crianças que desenvolvem cancro têm 5 vezes mais probabilidade de desenvolverem um segundo cancro do que a população em geral.

Os autores da pesquisa, publicada no Medical Journal of Australia, afirmaram que as descobertas mostram que os sobreviventes de cancro infantil necessitam de uma vigilância “apertada” depois de o cancro inicial ter sido tratado.

“Os sobreviventes de cancro infantil devem ser monitorizados quanto à possibilidade de desenvolverem um segundo cancro primário, uma vez que permanecem em risco aumentado na idade adulta”, escreveram os autores.

“É necessário que existam pesquisas que tentem minimizar os efeitos deletérios tardios do tratamento do cancro infantil”.

Os cientistas usaram o Australian Childhood Cancer Registry para rastrear crianças que haviam sido diagnosticadas antes dos 15 anos, entre 1983 e 2013, e que tivessem sobrevivido, pelo menos, 2 meses após o diagnóstico. No total, mais de 18 mil crianças foram acompanhadas até ao final do ano 2015.

O estudo descobriu que, desse grupo, 388 participantes, ou 2%, foram diagnosticados posteriormente com um segundo cancro primário, o que significa que o risco geral de um novo cancro era 5 vezes maior do que o risco da população em geral.

Os investigadores descobriram que o risco de desenvolver um segundo cancro era maior em pacientes que inicialmente sofriam de rabdomiossarcoma infantil e também era particularmente alto em crianças submetidas a quimioterapia e radioterapia.

Os segundos cancros primários mais frequentes foram os cancros da tiroide e as leucemias mieloides agudas.

“A descoberta de que os sobreviventes de cancro infantil têm um risco significativamente maior de desenvolver um cancro subsequente é amplamente consistente com os resultados de estudos anteriores realizados por todo o mundo”, afirmaram os autores.

“O aumento do risco diminui gradualmente ao longo do tempo desde o primeiro diagnóstico, mas o nível de risco nunca retorna ao encontrado na população em geral”.

“Os avanços no tratamento do cancro infantil nas últimas décadas melhoraram significativamente a sobrevivência de muitas pessoas com doenças malignas na infância; o desafio agora é reduzir a morbidade associada ao tratamento sem reduzir a sobrevida”.

O risco relativo de desenvolver cancro pela segunda vez atingiu o pico durante os 5 anos após o primeiro diagnóstico, mas ainda era significativo até 33 anos depois.

O estudo foi realizado pela Universidade de Griffith, na Austrália, em parceria com várias outras instituições dedicadas à investigação na área da oncologia.

 

Fonte: 
Fundação Rui Osório de Castro
Nota: 
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