O triplo do recomendado

Crianças portuguesas passam até 3H21 por dia em frente a ecrãs

Regressar às aulas sem ecrãs. Ansiedade, depressão, défice de atenção, obesidade e isolamento social são consequências do uso excessivo que ameaça criar uma geração ansiosa, sedentária e dependente, alerta a Saluslive.

As crianças portuguesas estão a passar muito mais tempo em frente a ecrãs do que o recomendado internacionalmente. De acordo com dados nacionais:

•             Crianças em idade pré-escolar (3 a 5 anos): média de 2h34 por dia (154 minutos)

•             Crianças em idade de ensino básico (6 a 10 anos): média de 3h21 por dia (201 minutos)

 

A Saluslive, referência nacional em intervenção pediátrica, avança com as recomendações internacionais, que são claras: não mais do que 60 minutos diários para os mais novos e até 2 horas diárias para os mais velhos. Ou seja, a maioria das crianças portuguesas já ultrapassa largamente os limites considerados seguros.

 

CONSEQUÊNCIAS GRAVES PARA A SAÚDE MENTAL, SOCIAL E FÍSICA

O uso excessivo de ecrãs, reforça a Saluslive, está associado a ansiedade, depressão, défice de atenção e risco de dependência digital. No plano social, conduz ao isolamento, dificuldades de comunicação e menor capacidade de empatia e cooperação.

Fisicamente, promove o sedentarismo, a obesidade, distúrbios do sono, problemas de visão e de postura. Estes impactos são agravados quando o tempo de ecrã substitui atividades essenciais como a brincadeira, o convívio familiar e o sono adequado.

“Estamos a assistir ao crescimento de uma geração menos sociável e com maiores dificuldades emocionais. Se nada mudar, daqui a 5 ou 10 anos veremos jovens com mais problemas de saúde mental, menor capacidade de adaptação escolar e profissional e com doenças físicas crónicas associadas ao sedentarismo e ao mau uso da tecnologia”, alerta Raquel Cunha, diretora clínica da SalusLive.

 

IDADES MAIS CRÍTICAS

A SalusLive sublinha que há fases de maior vulnerabilidade:

  • 0–2 anos: o uso de ecrãs pode prejudicar seriamente a linguagem, o vínculo afetivo e o sono — motivo pelo qual é totalmente desaconselhado.
  • 2–5 anos: afeta a atenção, a autorregulação emocional e substitui brincadeiras fundamentais.
  • 6–10 anos: interfere na aprendizagem, no sono e nas relações sociais.
  • +11 anos: aumenta o risco de ansiedade, depressão e dependência digital, sobretudo pelo uso intensivo das redes sociais.

 

O PAPEL DOS PAIS E DAS ESCOLAS

A SalusLive considera fundamental a atuação de pais e escolas:

  • Os pais devem ser exemplo, criar zonas sem ecrãs em casa (como refeições e quartos), negociar regras em conjunto e propor alternativas offline (jogos de tabuleiro, atividades ao ar livre, leitura partilhada).
  • As escolas devem criar regras para limitar o uso de telemóveis nos intervalos, garantindo que esse tempo é dedicado à socialização, ao movimento e ao descanso digital.

 

5 recomendações da SalusLive para intervalos escolares mais saudáveis

  1. Criar zonas livres de ecrãs nos recreios, com supervisão positiva.
  2. Disponibilizar materiais simples (cordas, bolas, jogos de chão) que estimulem o jogo cooperativo.
  3. Promover “dinâmicas do dia” que incentivem a participação e a empatia.
  4. Organizar rodas de conversa breves para estimular o diálogo entre pares.
  5. Envolver os alunos na criação de brincadeiras, dando-lhes responsabilidade e voz ativa.

 

O IMPACTO SOCIAL DE UMA GERAÇÃO DIGITALMENTE DEPENDENTE

Para a SalusLive, se nada for feito, Portugal arrisca-se a criar uma geração menos sociável, com mais dificuldades emocionais e profissionais. “Estamos a falar de jovens menos preparados para cooperar, liderar, gerir frustrações ou resolver conflitos. A médio prazo, isso terá reflexos não apenas individuais, mas também sociais e económicos”, acrescenta a Raquel Cunha.

 

As recomendações oficiais

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, os limites seguros devem ser:

  • 0–2 anos: evitar totalmente
  • 2–5 anos: máximo 1h/dia, sempre com supervisão
  • 6–10 anos: até 2h/dia
  • +11 anos: idealmente 2–3h/dia (excluindo uso escolar)

 

O papel ativo da SalusLive

Enquanto entidade dedicada à promoção da saúde infantil, a SalusLive atua através de formação, consultoria e sensibilização de pais, escolas e educadores. Está já a preparar programas educativos e workshops para apoiar famílias e comunidades escolares na adoção de regras claras e hábitos mais saudáveis.

“É tempo de devolver às crianças o direito de brincar, conviver e sentir-se parte de um grupo real. Mais do que ecrãs, elas precisam de tempo connosco, com os seus pares e com o mundo físico”, conclui a mesma fonte.

 

Fonte: 
Press Media
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay