Ensaio Clínico

Células estaminais do sangue do cordão umbilical multiplicadas em laboratório transplantadas com sucesso

Expansão, ou multiplicação, das células em laboratório antes do transplante mostrou ser segura e eficaz em caso de transplantação. Tempo de recuperação de neutrófilos também demonstrou ser melhor do que no transplante de medula óssea ou de sangue do cordão convencional.

Segundo os dados do estudo, recentemente publicado no Journal of Clinical Oncology, 36 doentes transplantados que sofriam de doenças hemato-oncológicas, como leucemias e linfomas, apresentaram resultados positivos, após a seleção de uma unidade de sangue do cordão umbilical compatível, que foi depois expandida em laboratório e enviada para um dos 11 centros de transplantação nos EUA, Europa e Ásia.

O processo de expansão laboratorial, desenvolvido pela empresa israelita Gamida Cell, baseia-se na utilização de uma molécula, a nicotinamida, que permite cultivar as células estaminais em laboratório sem que elas se diferenciem, tendo o produto final sido designado NiCord.

O tempo médio para a recuperação de neutrófilos após um transplante de medula óssea de um dador compatível é de 20 dias e de 21 dias para transplantes convencionais com sangue do cordão umbilical. Com o NiCord, os autores observaram uma redução eficaz para 11.5 dias, diminuindo, assim, o período em que os doentes estão mais vulneráveis e, consequentemente, a ocorrência de infeções e do tempo de internamento hospitalar nos primeiros 100 dias pós-transplante.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal, “para além da possibilidade de transplantar doentes com maior peso corporal, uma das grandes vantagens da expansão celular é poder escolher unidades de sangue do cordão umbilical com o melhor grau de compatibilidade e assim aumentar o perfil de segurança do transplante”.

“Estes resultados indicam que o sangue do cordão umbilical está um passo mais perto de se tornar numa fonte de células estaminais acessível a todos os que precisam de um transplante hematopoiético”, reforça a investigadora.

Nos últimos 30 anos, o sangue do cordão umbilical tem permitido que doentes com imunodeficiências, doenças metabólicas e doenças do sangue que necessitam de um transplante hematopoiético (transplante de células estaminais hematopoiéticas, i.e., capazes de originar células do sangue) e não têm dador de medula óssea compatível possam ter uma hipótese de cura. O maior desafio na área da transplantação com sangue do cordão umbilical é o tratamento de doentes com maior peso corporal, que tem sido ultrapassado usando duas unidades de sangue do cordão umbilical, quando necessário. No entanto, esta modalidade de tratamento está associada a custos e tempos de recuperação superiores. Por esse motivo, têm sido estudadas outras alternativas, nomeadamente a expansão, ou multiplicação, das células em laboratório antes do transplante.

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