Quase 50% dos jovens adultos sofreram sintomas do foro mental no último ano

Por altura de mais um Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro), o Estudo Nacional de Saúde - Estado de Saúde Geral da População Portuguesa revela que 34,6% dos portugueses entre os 18 e os 64 anos sofreram, nos últimos 12 meses, sintomas do foro mental, como ansiedade, burnout, ataques de pânico, depressão ou outros. Tal como registado na edição de 2023, volta a observar-se uma incidência acima da média global nos jovens adultos: 49,8% entre os 18 e os 24 anos, e 41,7% entre os 25 e os 34 anos.
Em linha com estes resultados, este estudo conclui ainda que quase um terço da população (29,7%) admitiu ter sentido necessidade de recorrer a um profissional de saúde mental no último ano. Esta percentagem sobe para 42,1% na faixa etária dos 18 aos 24 anos, para 36,9% entre os 25 e os 34 anos, e para 37,7% se considerarmos apenas as respostas dos indivíduos do género feminino. Apesar desta necessidade sentida por cerca de 30% dos indivíduos, apenas 17,1% acabaram por ter uma consulta de especialidade em saúde mental.
Também quase 30% dos portugueses (29,3%) afirmam não se sentir à vontade para falar sobre saúde mental com familiares ou amigos, valor superior ao registado em 2023 (25,4%). A análise por faixas etárias mostra, no entanto, que os jovens dos 18 aos 24 anos revelam hoje maior abertura para discutir o tema, em contraciclo com os restantes grupos etários.
Entre aqueles que sentiram necessidade de recorrer a um profissional de saúde mental no último ano, verifica-se igualmente uma quebra na abertura para abordar o assunto com familiares ou amigos – de 62% em 2023 para 53,5% em 2025 –, indiciando que o estigma permanece mais forte entre quem mais precisa de ajuda.
Numa análise geracional, é possível observar que os jovens dos 18 aos 24 anos são o grupo mais afetado, com quase metade dos inquiridos a reportar sintomas de ansiedade, burnout ou depressão e mais de 40% a admitir necessidade de apoio especializado.
O estudo mostra que 41,7% das mulheres reportaram sintomas de ansiedade, burnout e depressão, entre outros, face a 27% dos homens. Consequentemente, acabam por ser as mulheres quem mais sente necessidade de procurar ajuda e recebe esse acompanhamento.
Também cerca de 60% da população portuguesa considera que a saúde mental não é devidamente valorizada na empresa ou instituição onde trabalha, uma perceção particularmente evidente na faixa etária dos 45 aos 54 anos e entre aqueles que sentiram necessidade de procurar ajuda profissional ou tiveram sintomas.
"A saúde mental é uma dimensão crítica do bem-estar e da produtividade. Quando seis em cada dez portugueses sentem que não é valorizada no trabalho, estamos perante um desafio também económico e social. O estudo evidencia essa realidade e mostra a importância de respostas acessíveis, incluindo soluções digitais que aproximam o apoio dos cidadãos”, sublinha Filipe Freitas Pinto, Diretor Médico da Knok Healthcare.
O Estudo Nacional de Saúde - Estado de Saúde Geral da População Portuguesa, é baseado numa amostra representativa da população portuguesa e permite cruzar resultados por género, região, idade e classe social, não só na saúde mental, mas também em dimensões como o sono, o stress, a utilização de serviços de saúde e comportamentos digitais na área da saúde, incluindo o uso da inteligência artificial.
Tendo em conta a dimensão e profundidade do Estudo desenvolvido pela Marktest para a Medicare, uma reconhecida fonte sólida e comparável sobre o estado da saúde em Portugal, as conclusões e resultados sobre estes indicadores serão divulgadas nos próximos meses.