Nos jovens

Reacções alérgicas graves potencialmente fatais estão a aumentar

O número de crianças com alergias alimentares, graves e potencialmente fatais, tem vindo a aumentar nos últimos anos.

As reacções alérgicas graves potencialmente fatais (anafilaxia) provocadas por alergia alimentar estão a crescer na população mais jovem, estimando-se que cerca de 150 mil portugueses padeçam deste problema.

Dados fornecidos pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) referem que, apesar de consideravelmente sub-diagnosticada, os dados epidemiológicos mostram uma incidência de anafilaxia na Europa entre 1,5 a 8 por 100.000 pessoas/ano, com um aumento dos casos nos últimos 20 anos.

“A anafilaxia, que passou a ser de notificação obrigatória em Portugal em 2012, é ainda mal diagnosticada entre nós colocando em risco 0,5 a 1,5% da população portuguesa (até 150.000 portugueses) sendo que, abaixo dos 18 anos, os alimentos são a sua principal causa”, considerou o presidente da SPAIC, Luís Delgado.

Segundo este responsável, o Catálogo Português de Alergias e outras Reacções Adversas, desenvolvido com a colaboração de membros da SPAIC, permite registar e partilhar informação destas reacções em todo o sistema de saúde português.

Este é um dos temas que serão abordados sexta-feira na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), num curso de Alergia Alimentar organizado em colaboração com a Faculdade de Ciências da Nutrição da UP e o Hospital S. João, com o patrocínio científico da SPAIC. O seu principal objectivo consiste em informar e esclarecer dúvidas sobre sintomas e cuidados a ter nos casos de reacção alérgica.

Segundo a organização da iniciativa, o número de crianças com alergias alimentares tem vindo a aumentar nos últimos anos e resulta de uma combinação de factores hereditários e ambientais.

Assim, a falta de exercício físico, o aumento da poluição atmosférica e do fumo do tabaco, as alterações dos regimes alimentares e a obesidade incrementam a possibilidade de surgirem este tipo de complicações. As alergias mais frequentes são à proteína do leite de vaca e à do ovo. Alergia ao peixe, trigo, mariscos e frutos secos verificam-se também entre as mais comuns.

As consequências das reacções alérgicas podem revelar-se fatais pois o contacto com agentes alergénios pode desencadear um choque anafiláctico (reacção alérgica muito rápida que implica sintomas como taquicardia, desmaio e inchaço na zona interna da garganta, com risco de asfixia), e desta forma levar à morte.

 

Novo guia de actuação em anafilaxia

A Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI) encontra-se actualmente a trabalhar um novo guia de actuação em anafilaxia com o objectivo de fornecer à comunidade científica e da área da saúde, recomendações baseadas na evidência científica sobre o reconhecimento, avaliação e tratamento dos doentes que apresentaram, apresentam ou estão em risco de apresentar um quadro de anafilaxia.

Alimentos, medicamentos e picadas de insectos são as três causas mais prevalentes de reacções alérgicas graves. Enquanto os alimentos são a causa mais comum nas crianças, medicamentos e venenos de himenópteros (abelha/vespa) são a causa da maior parte de reacções anafilácticas nos adultos, com maior frequência nas mulheres que nos homens.

O guia de actuação sobre alergia alimentar e anafilaxia da EAACI será disseminado em Junho de 2014, numa iniciativa comum entre a EAACI, organizações de doentes, sociedades nacionais de alergia de toda a Europa, médicos de cuidados primários e farmacêuticos.

 

Fonte: 
Sapo Saúde
Nota: 
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