Segundo o Registo Oncológico Nacional - Sul

Incidência de cancros em Portugal superior ao padrão europeu e mundial

Portugal tinha, em 2009, uma taxa de incidência de cancros superior ao padrão europeu e mundial, segundo o Registo Oncológico Nacional. Os dados revelam ainda subida de 30% no cancro do cólon em 10 anos.

A coordenadora do Registo Oncológico Nacional - Sul (ROR-Sul), Ana Miranda, alertou para o aumento dos casos de cancro do cólon em Portugal, que em 2030 serão quase o dobro dos registados em 2008.

Segundo Ana Miranda, o cancro do cólon consta do “top 10”, ocupando a terceira posição, num “ranking” liderado pelo cancro da mama. Entre os países da União Europeia - numa lista em que não consta a Grécia por actualmente não dispor de registo oncológico -, Portugal ocupa o quarto lugar dos países com mais novos casos de cancro do cólon. Em Portugal, a taxa de incidência deste carcinoma nos homens passou de 35,52 por 100 mil habitantes em 1998 para 43,58 em 2009. Nas mulheres, o aumento foi de 22,86 por 100 mil habitantes em 1998 para 25,64 em 2009.

Em 2030, o aumento dos casos vai prosseguir, sendo maior nos homens, que terão quase o dobro dos cancros do cólon do que os registados em 2008.

Em 2008, foram registados 1277 novos casos de cancro do cólon nos homens, número que deverá ser de 2385 em 2030. Nas mulheres, os 942 casos em 2008 deverá subir para 2323 em 2030.

O cancro da mama continua a ser o que regista maior número de casos novos - 2993 em 2009 -, sendo o que mais atinge as mulheres, segundo Ana Miranda.

A coordenadora do ROR - Sul destaca a “estabilidade” neste carcinoma, que passou de 85,85 casos por 100 mil habitantes em 1998 para 96,98 em 2009. Já o cancro da próstata, que lidera os carcinomas nos homens, baixou de 86,87 (por 100 mil habitantes) em 1998 para 85,37 em 2009. Ao nível do cancro na traqueia, brônquios e pulmão, Ana Miranda referiu que existiu uma certa estabilidade no período em análise (1998-2009), excepto para as mulheres. Nas mulheres a incidência deste cancro quase duplicou: 6,86 por cem mil habitantes em 1998 para 12,46 em 2009.

O documento inclui dados de incidência, sobrevivência e mortalidade de cancro em 2007, 2008 e 2009, nas populações de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e região autónoma da Madeira.

Em 2009 registaram-se 22565 novos casos de cancro (22953 em 2008), sendo que a taxa de incidência foi de 464,05 cancros por 100 mil habitantes, superior ao padrão europeu (339,78) e mundial (245,32).

Destacam-se no registo de 2009 - que abrange 50% do território português e um total de 4,8 milhões de habitantes - os novos casos de cancro da mama (3075), da próstata (2358), do cólon (2360), recto (1184), estômago (1184) e pele (1045).

 

Casos de cancro do pulmão nas mulheres duplicaram

Os cancros da pele, cólon e do pulmão são os que mais aumentaram nos últimos 10 anos. A incidência de cancro do pulmão nas mulheres duplicou entre 1998 e 2009, de 6,3 casos para 12,4 por 100 mil pessoas por ano. Ana Miranda, espera que a restrição do fumo em locais fechados e campanhas de prevenção venha a inverter a tendência no aumento dos casos, que reflecte o aumento do consumo de tabaco pelas mulheres nos anos 80 e que se estima poder levar a uma subida de 20% nos casos anuais em 2030.

No cancro do cólon, onde se regista um aumento entre os homens de 30% desde o final dos anos 1990, as projecções apontam para uma subida de 70% nos próximos 20 anos. Nesta área, como no cancro da pele, cuja incidência na população é mais reduzida - embora tenha aumentado dois terços na última década -, a expectativa da especialista é que também que as campanhas de prevenção e rastreio venham a alterar as projecções. Nestes dois cancros, uma das conotações é que ainda há muitos casos diagnosticados em fases avançadas.

Os cancros da mama e da próstata, os que mais afectam as mulheres e os homens, apresentam incidências estáveis desde 1998. No cancro rectal, a incidência também não tem sofrido alterações e os tumores do estômago, mais frequentes em Portugal que noutros países europeus, sobretudo na região Norte, diminuiu.

Nos tumores da mama, a taxa de sobrevivência a cinco anos passou de 73% em 1998 para 79% nos doentes detectados em 2007. Na próstata, a melhoria é mais expressiva: antes sobreviviam cinco anos 76% dos doentes e hoje a taxa ronda os 89%. Também no cancro do cólon houve melhorias significativas, tanto nas mulheres como nos homens: antes sobreviviam a cinco anos 44% e agora a taxa ronda os 57%. No pulmão ou estômago não há melhorias evidentes.

Fonte: 
iOnline
Jornal de Notícias Online
Nota: 
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