Num período de cinco anos

Diabetes nas grávidas quase duplicou

Dados relativos à diabetes na gravidez indicam que números absolutos praticamente estabilizaram, mas o peso da doença no total de gestantes aumentou.

O número de mulheres que desenvolvem diabetes durante a gravidez aparentemente estabilizou, com a queda da natalidade em Portugal. Porém, quando se tem em consideração a proporção de grávidas com diabetes gestacional no total de partos, verifica-se que a taxa quase duplicou, passando de 3,3% em 2007 para 5,6% em 2012, segundo os dados divulgados pelo Público Online apresentados no 11.º Congresso Português de Diabetes. Adiamento da maternidade, obesidade das mães e critérios de identificação da doença mais apertados são algumas das justificações para este crescimento.

O endocrinologista Jorge Dores, médico do Centro Hospitalar do Porto e coordenador do Grupo de Estudos da Diabetes e Gravidez da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, disse que os dados que fazem parte do Registo Nacional da Diabetes Gestacional “mostram uma prevalência superior à encontrada pelo Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes”, apresentado no final de 2013, que também analisava os casos de 2012 e referia uma percentagem que se ficava nos 4,8%.

O também membro da comissão organizadora do congresso, que decorre em Vilamoura e que juntou 1300 profissionais do sector, explica que o registo nacional só recolheu dados de cerca de 75% a 80% do total de partos, enviados por mais de 20 unidades, “mas que são representativos e apontam para que os números do relatório estejam subestimados”. Jorge Dores justifica que o registo e o relatório “têm métodos de recolha diferentes”, já que o registo faz uma recolha directa voluntária junto dos colegas nos vários hospitais, contando com informações como as características das parturientes, “enquanto o relatório é mais administrativo e tem como fonte as bases de dados da Administração Central do Sistema de Saúde e da Direcção-Geral da Saúde”. O especialista diz que, por vezes, “há casos que não estão codificados” e que escapam por isso na contabilidade final do relatório.

A análise preliminar do registo permite ainda perceber que 280 mulheres já tinham diabetes quando engravidaram – sendo que o relatório referia apenas 120 e já contava com um número fechado. Quanto às 2700 mulheres que desenvolveram diabetes durante a gravidez, tinham em média 32,8 anos e 28,3% eram obesas mesmo antes de engravidarem. A média de peso ganho durante a gestação foi de cerca de 10 Kg, mas Jorge Dores alerta que este número vai precisar de “uma análise mais detalhada, pois se uma mulher com baixo peso pode ganhar até 17 quilos, uma mulher com sobrepeso em alguns casos não deverá ir além dos cinco quilos”. Quanto a diferenças geográficas, o médico garante que não têm expressão, com a taxa mais baixa a ser encontrada em Braga e a mais elevada em Gaia.

“O adiamento da maternidade, com muitas mulheres a terem filhos depois dos 30 anos, o peso excessivo ou ganho de peso na gravidez e o historial familiar de diabetes são os factores que mais influenciam a probabilidade de se desenvolver diabetes gestacional”, refere Jorge Dores. O endocrinologista sublinha, contudo, que os critérios para se considerar que uma grávida é diabética mudaram há três anos, sendo agora “mais apertados” e estando os profissionais “mais atentos”, pelo que parte do aumento se justifica pelo maior rigor na identificação destes casos que quase nunca dão sintomas mas que colocam a saúde da mulher e do bebé em risco, com as grávidas a registarem mais situações de hipertensão e de pré-eclampsia.

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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