Descoberta proteína que impede transmissão da malária
A investigação de cientistas de Barcelona revelou que a proteína AP2-G “actua como um interruptor no desenvolvimento do parasita da malária ao activar a reprodução dos genes precoces dos gametócitos, formas sexuais do parasita, essenciais para a transmissão dos humanos para os mosquitos”.
Segundo as informações divulgadas pelo Centro de Investigação de Saúde Internacional de Barcelona (CRESIB), centro de investigação criado em 2006, o estudo descobriu novas formas de interromper a transmissão da malária, também conhecida como paludismo, mediante a prevenção da formação e da maturação das etapas sexuais do parasita.
Alfred Cortés, que liderou parte do estudo publicado na revista científica britânica Nature, explicou que “no sangue, o parasita da malária encontra-se predominantemente na fase assexuada”, revela o Diário de Notícias Online.
“A diferenciação sexual, que se activa em alguns dos parasitas, é fundamental para transmitir a doença de um humano para um mosquito e iniciar novas infecções em outros humanos. Não é só necessário e fundamental curar os doentes afectados pela malária, mas também impedir a transmissão”, disse o investigador.
Para a transmissão dos parasitas da malária de humanos para o mosquito é necessário, segundo explicou Cortés, que aconteça uma diferenciação das etapas assexuadas de replicação dos glóbulos vermelhos para as etapas sexuais (gametócitos masculinos e femininos). “Descobrimos que a proteína AP2-G tem um papel chave no controlo da diferenciação sexual. Na fase assexuada dos parasitas no sangue, o gene que codifica a proteína AP2-G está 'apagado' na maioria dos parasitas, mas é propenso à activação espontânea”, sublinhou ainda Cortés.
O plasmodium falciparum é um dos quatro parasitas da malária que podem afectar as pessoas e um dos mais perigosos, responsável pela chamada 'malária cerebral'. A par do plasmodium falciparum, as pessoas podem ser infectadas pelo plasmodium vivax, pelo plasmodium ovale e pelo plasmodium malariae.
Na semana passada, a revista britânica especializado em medicina The Lancet publicou um relatório que revelou que cerca de 57% da população africana continua a viver em áreas de risco moderado ou elevado de malária. O relatório, elaborado por investigadores do Instituto de Investigação Médica do Quénia, da Universidade de Oxford e do departamento regional da Organização Mundial de Saúde para a África, reuniu o maior número de sempre de estudos baseados na comunidade, cobrindo um total de 3,5 milhões de pessoas em 44 países africanos onde a malária é endémica desde 1980.