Doenças Raras

O que é a Doença de Batten?

Atualizado: 
09/06/2022 - 11:06
A Doença de Batten é um dos 14 tipos conhecidos de Lipofuscinose Neuronal Ceróide (CLN), um grupo de desordens genéticas raras que atingem o metabolismo de moléculas cerebrais. Para assinalar o Dia Internacional da Doença de Batten, e com a ajuda da neuropediatra Mónica Vasconcelos mostramos o que precisa saber sobre uma patologia que se estima que atinja 1 em cada 100 mil pessoas.

A Ceroidolipofuscinose Neuronal (CLN) é um grupo heterogéneo de doenças neurometabólicas raras, hereditárias, caracterizadas por acumulação intracelular de material lisossómico autofluorescente (lipofuscina ceróide). Esta acumulação deve-se a uma atividade enzimática deficiente dentro do lisossoma, levando a uma disfunção da célula e morte celular.

São doenças neurodegenerativas que ocorrem em idade pediátrica e classificam-se em 14 tipos diferentes, de acordo com a sua causa genética, todas partilhando características semelhantes. As manifestações clínicas variam de acordo com a idade de início da sintomatologia e a evolução da doença é diferente de acordo com o tipo de CLN.

Manifestações clínicas

As principais manifestações clínicas são as crises epiléticas recorrentes, atraso / regressão do desenvolvimento psico-motor, ataxia, mioclonias e diminuição da acuidade visual. Dependendo do tipo de CLN, a idade de início da sintomatologia varia (infantil precoce, infantil tardia, juvenil e adulto).

Nas formas mais frequentes, a doença progride rapidamente e a epilepsia torna-se de difícil controlo, refratária aos fármacos antiepiléticos, há perda progressiva da acuidade visual (evolui para cegueira) e deterioração cognitiva e motora.

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se na combinação dos achados clínicos, oftalmológicos, eletroencefalográficos e neurorradiológicos.

A confirmação é feita através de testes bioquímicos e genéticos. Assim, o diagnóstico é estabelecido através de um teste enzimático que mede a atividade da enzima deficitária e através de um teste genético / molecular, com identificação de mutações patogénicas.

Sendo uma doença rara, o clínico deve estar familiarizado com as manifestações clínicas da doença, de forma a suspeitar deste diagnóstico e confirmar a doença laboratorialmente.

Tratamento

A abordagem destes doentes tem que ser multidisciplinar e o mais precoce possível, com o objetivo de manter a função e otimizar a qualidade de vida destes doentes. O tratamento sintomático inclui a tentativa de controlo das crises epiléticas, controlo da dor, fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e cuidados nutricionais. O suporte familiar é fundamental.

Várias estratégias terapêuticas têm sido exploradas, mas presentemente existe apenas um fármaco clinicamente aprovado que demonstrou ser eficaz para atenuar a progressão de um tipo de CLN, a CLN2: a cerliponase alfa, uma pró-enzima recombinante humana da enzima tripeptidil-peptidase 1 (TPP1 – enzima deficitária na CLN2), que é administrada através de infusão intracerebroventricular.

Complicações

Esta é uma doença de progressão rápida, que resulta em perda das capacidades cognitivas, motoras e visuais. A epilepsia torna-se de difícil controlo, refratária aos fármacos antiepiléticos, há perda progressiva da acuidade visual (evoluindo para cegueira) e deterioração cognitiva e motora, levando à demência e ao estado vegetativo. A esperança média de vida é baixa.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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