Opinião

A importância de passarmos tempo sozinhos

Atualizado: 
13/11/2025 - 11:59
A solidão é frequentemente associada a sentimentos de vazio, abandono ou tristeza. Já a solitude refere-se à capacidade de estar bem consigo próprio, em silêncio e em conexão interna. É voluntário, saudável e reparador, e permite-nos estar connosco mesmos.

Estar sozinho não tem, forçosamente, de ser um tempo angustiante. Quando cultivado com intenção, pode tornar-se um momento de encontro connosco próprios. Claro que o silêncio pode, por vezes, confrontar-nos com pensamentos e emoções difíceis. No entanto, é precisamente essa introspeção que nos permite crescer, processar vivências e tomar decisões mais conscientes.

Há quem evite estar sozinho com receio dos seus próprios pensamentos, ideias ou memórias. Mas fugir de si mesmo é apenas adiar um encontro inevitável. A psicologia ensina-nos que evitar o desconforto emocional perpetua o sofrimento. Já o enfrentamento consciente permite transformação e alívio.

Estar sozinho não deve ser apenas um recurso em momentos de crise. Pelo contrário, a solitude é um componente essencial do bem-estar psicológico. Permite-nos organizar a mente, processar emoções, reencontrar o equilíbrio e retomar o rumo da vida com maior clareza.

Este tempo é particularmente importante após mudanças ou perdas significativas,quando sentimos confusão ou exaustão mental, em momentos de tomada de decisão e sempre que sentimos necessidade de "recarregar" emocionalmente.

Aprender a usufruir do próprio tempo, seja a ler, caminhar, viajar ou simplesmente estar, é um sinal de maturidade emocional. A psicologia reconhece o desejo de estar só como uma necessidade legítima e, muitas vezes, saudável. Pessoas com maior autorregulação emocional, autonomia e consciência de si próprias tendem a valorizar este tempo. O estar só é, frequentemente, o espaço onde surge a criatividade, a cura emocional e o verdadeiro autoconhecimento. O tempo a sós é uma prática de autocuidado, e não um sinal de isolamento. É na solitude que nos reencontramos, que ganhamos força e que, nos tornamos mais disponíveis para nós mesmos, para os outros e para a vida.

Autor: 
Dra. Andreia Filipe Vieira - Psicóloga Clínica
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.