Especialista deixa o alerta

Verão acentua falhas na medicação dos doentes com DPOC

Com a chegada do bom tempo, doentes sentem-se melhor e têm tendência a diminuir ou suspender a medicação. No entanto, este é um erro que pode compromete a saúde.

O verão é sinónimo de bom tempo e de actividades ao ar livre. E, também para os doentes que sofrem de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), esta época do ano é o momento de aproveitar e realizar passeios e caminhadas, fomentando a actividade física, com benefícios para todos e para estes doentes em particular. Porém, esta altura do ano, em que as infecções respiratórias e o frio deixam de atormentar, pode criar uma sensação de segurança que leva, em muitos casos, a falhas na medicação.

O alerta é dado por Paula Simão, pneumologista da Unidade Local de Saúde de Matosinhos e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão, que chama a atenção para a consequência desta atitude. “O inverno é muito difícil para estes doentes. Por isso, com a chegada da primavera e do verão, sentem-se melhor e têm tendência a diminuir a medicação ou até suspendê-la, porque se sentem melhor e acham que não precisam de a tomar.” Não se deve ter esta atitude, reforça a especialista, que confirma a necessidade de manter a terapêutica independentemente do tempo lá fora. “Apesar de ser verão, a medicação é para tomar sempre, já que estamos a falar de uma doença crónica.”

As temperaturas elevadas que se fazem sentir no verão são também responsáveis pela descompensação de muitas doenças crónicas a que os doentes com DPOC não escapam. “A maioria destes doentes já são idosos e têm muitas cormobilidades”, afirma a pneumologista, que a esta situação junta outra, a falta de hidratação, que é também um problema associado aos mais idosos. “É necessário que bebam água, porque se não tiverem suficientemente bem hidratados, isso vai fazer com que as secreções sejam mais grossas, que se tornem mais difíceis de eliminar, causando uma maior obstrução e mais dificuldade em respirar.”

A este alerta junta outro, resultado também das temperaturas mais elevadas, que têm impacto no ambiente e no ar que respiramos. Os poluentes presentes na atmosfera são responsáveis pelas elevadas concentrações de ozono, às quais se juntam várias partículas resultantes dos incêndios que têm flagelado o País. Um impacto que se faz sentir também na vida dos doentes com DPOC. “Quando há muito calor, assistimos a uma concentração de partículas no ambiente. E a exposição ao ar carregado destas partículas nocivas pode desencadear ou agravar sintomas ”, justifica a especialista.

Apesar dos cuidados, o verão tem um lado muito positivo para estes doentes, que Paula Simão aproveita para reforçar: permite-lhes sair e usufruir do ar livre. “O inverno serve muitas vezes de desculpa para que o doente não saia de casa. Ou é porque está frio, ou porque está a chover… Eu tento sempre estimular os meus doentes a praticarem exercício físico independentemente do tempo, mas o verão é o momento em que é mais fácil fazê-lo. É importante que saiam de casa, que aproveitem para fazer caminhadas, para passear, evitando claro as horas de maior calor, sem esquecer de fazer a sua medicação habitual, uma hidratação correta, refeições leves, enfim o que é, de resto, um conselho válido para todo o ano.”

Fonte: 
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Nota: 
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