Sindicato dos Enfermeiros alerta

Uso excessivo de antibióticos reduz a sua eficácia

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Correia Azevedo, disse que a “toma excessiva” de antibióticos reduz a sua eficácia, dificultando o combate a bactérias e vírus.

“Hoje toma-se antibióticos por tudo e por nada, há uma banalização da sua administração e toma, havendo médicos a prescreve-los por mera prevenção, o que é muito preocupante porque o organismo habitua-se e quando é necessário tomar antibiótico, este perde efeito”, explicou.

Nos últimos dois meses, 30 doentes do Hospital de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, foram identificados por serem portadores da bactéria Klebsiella Pneumoniae – muito resistente a antibióticos – e desses oito morreram sem que a causa possa ser atribuída diretamente à infeção e outros nove já tiveram alta.

Treze doentes estão internados, em isolamento, mas apenas dois merecem maior preocupação.

Segundo José Correia de Azevedo, está-se a atingir a “saturação do efeito” dos antibióticos, provocando a sua “ineficácia”.

Além disso, o presidente do sindicato salientou que é fundamental haver, em meio hospitalar, uma “extrema limpeza” para evitar a propagação de infeções.

Uma “limpeza negligente” torna os organismos “mais vulneráveis” a bactérias e vírus, sustentou.

“É muito importante que o ambiente hospitalar seja muito bem limpo, por isso, o pessoal responsável por esta área tem de saber os perigos de não desempenhar bem a sua tarefa”, frisou.

Quanto às precauções que os enfermeiros devem ter para evitar a transmissão de bactérias e vírus pelos doentes, José Correia de Azevedo alertou para a necessidade de usarem luvas, batas, mascaras e desinfetantes.

O dirigente adiantou ainda que os enfermeiros, por estarem em permanente contacto com bactérias, têm mais defesas.

Por vezes, acrescentou, “o excesso de trabalho, relacionado com falta de pessoal, leva os enfermeiros a não fazerem, muitas vezes, as manobras de limpeza que deviam fazer”.

A bactéria multirresistente do hospital de Gaia terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação, transmite-se pelo toque, sobrevive na pele e no meio ambiente e desconhece-se a sua durabilidade, explicou fonte hospitalar.

“Não há período de incubação, ninguém sabe ao certo o período que [um paciente] se mantém colonizado [com a bactéria], há quem diga que é toda a vida e há estudos que dizem que é intermitente”, explicou a coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho.

Margarida Mota, responsável pelo controlo do tratamento antimicrobiano dos pacientes portadores da bactéria Klebsiella Pneumoniae do hospital de Gaia, referiu ser por isso mesmo que as recomendações vão no sentido de “perante um doente positivo, o melhor é considerá-lo positivo para o resto da vida”.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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