Cancro

Um terço dos pacientes do IPO/Porto recorre à psico-oncologia

Uma em cada três pessoas em tratamento no Instituto Português de Oncologia, no Porto, acaba por pedir o apoio da psico-oncologia, um serviço também disponibilizado nos dois centros hospitalares da cidade.

As mulheres são quem mais recorre àquele serviço, o que decorre do facto de o cancro da mama continuar a ser, a par do cólon, o que mais atinge a população atendida.

Além do Instituto Português de Oncologia (IPO), a psico-oncologia é disponibizada nos centros hospitalares de São João e do Porto (que inclui Hospital de Santo António) desde a fase de diagnóstico e, em alguns casos, só cessam para além do momento da alta médica.

Em declarações a responsável pela equipa de psicologia do serviço de psico-oncologia do IPO, Eunice Silva, explicou que a prática segue "o que se passa por toda a Europa", funcionando desde 2004 e dispondo atualmente de quatro psicólogos e três psiquiatras.

"Não é por ter doença oncológica que tem de ser referenciado pela psico-oncologia. Ela pode acontecer mais tarde por indicação do médico ou do enfermeiro", explicou.

Disse ainda que “cerca de 30% das pessoas em tratamento acabam por pedir a intervenção” da equipa de psico-oncologia “por não estarem a conseguir lidar com a situação, entrando em quadros de depressão, pânico, problemas existenciais ou confronto com as perdas".

Ao todo, desde 2004, foram atendidas 52 mil pessoas pelos quatro psicólogos no IPO, que regista por ano 10 mil novos casos, num atendimento, explicou Eunice Silva.

O diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar do Porto, António Araújo, realçou o facto de o cancro ter "um grande impacto físico na pessoa que sofre", requerendo por vezes apoio para além da família.

"Há mais de 12 anos disponível" naquele centro hospitalar que inclui o Hospital de Santo António, o serviço psico-oncologia tem atualmente um psiquiatra e uma psicóloga, números insuficientes para António Araújo que reclama "pelo menos mais três de cada especialidade".

Salientando que "muitos dos doentes estão referenciados", especificou que "cerca de 2.400 dos 4.000 novos casos por ano" aderem às consultas.

"A psico-oncologia deve fazer parte do acompanhamento dos doentes oncológicos desde o diagnóstico", defendeu o diretor do serviço, alertando que as consultas, por vezes, vão para além da alta médica devido às "cicatrizes de nível psicológico".

Psicóloga do serviço de oncologia médica do Centro Hospitalar São João, Susana Samico considera que o doente "tem de ser visto de uma forma holística" e a parte psicológica "é fundamental para a adesão aos tratamentos".

"Aqui, nem todos passam pela consulta, pois há alguns que estão ajustados e nem necessitam da mesma abordagem", argumentou, revelando que em 2016 o “São João” acompanhou 426 novos casos num total de 1803 novos doentes oncológicos.

Com duas psicólogas a fazer as consultas num serviço a funcionar desde 1993 no maior hospital da região Norte, "uma grande maioria dos doentes continua a ser seguida após receber a alta".

Este facto "obriga a uma gestão muito grande de agendas e de horários" buscando uma resposta à procura, revelou a psicóloga, não excluindo que “a chegada de mais colegas ajudaria no acompanhamento".

São as doentes do cancro da mama, "que tal como os do cólon, são em maior número, quem mais acorre ao serviço", explicou Susana Samico, sendo também frequente a presença de doentes de cancros hepatobiliares, "que, devido à agressividade dos tratamentos, acabam por procurar apoio".

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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