Liga Portuguesa Contra a Sida

Profilaxia pré-exposição e autoteste de VIH devem ser acompanhados de outras medidas

A presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida considerou a profilaxia pré-exposição(Prep) e o autoteste de VIH estratégias importantes para prevenir a infeção, mas defendeu que devem ser acompanhados de outras medidas como o uso de preservativo.

Estas novas estratégias são “uma realidade que está para breve” e podem vir a ser “mais eficazes para combater os números” da infeção e para “melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com o VIH, nomeadamente das populações mais vulneráveis”, disse Eugénia Saraiva, que falava a propósito do Dia Mundial Contra a Sida, que se assinalou na sexta-feira.

No entanto, a liga defende que a distribuição da Prep deve ser associada “ao uso consistente do preservativo”, defendeu.

A profilaxia pré-exposição consiste na toma de um medicamento que é um antirretroviral usado para tratar pessoas com VIH e que tem demonstrado resultados como método de prevenção.

Relativamente ao autoteste do VIH, Eugénia Saraiva adiantou que está em análise no Infarmed, esperando que a autoridade nacional do medicamento receba os contributos das organizações da sociedade civil sobre esta medida.

“A medicação é prevenção e tratamento, [por isso], temos que estar felizes com estas estratégias”, que têm de monitorizadas pelo Ministério da Saúde, seguindo as normas de orientação.

Para assinalar o Dia Mundial Contra a Sida, a Liga realizou sexta-feira uma ação de sensibilização, que incluiu rastreios ao VIH, na Praça do Comércio, em Lisboa.

Como mensagem para este dia, Eugénia Saraiva apelou a “mais prevenção, mais literacia de saúde, mais diagnóstico precoce e igualdade e equidade no tratamento e acesso para todos”.

Também o presidente do GAT - Grupo de Ativistas em Tratamentos, Luís Mendão, defendeu um reforço do investimento na prevenção e na luta contra a discriminação.

Reconhecendo que tem havido nos últimos anos “uma atenção política” relativamente às respostas ao VIH/Sida, Luís Mendão disse que ainda persistem “duas lacunas muito importantes”, uma das quais a “implementação de decisões”.

“Continuamos a deparar-nos diariamente com dificuldades, barreiras, dados pouco credíveis, que tornam muito difícil monitorizarmos os progressos que eventualmente estejam a ser feitos”, adiantou.

Luis Mendão referiu ainda a necessidade de diminuir os custos com a medicação para o VIH, mantendo a qualidade do tratamento.

“Do ano passado para este ano, conseguiu-se criar um teto de despesa, que permite tratar todas as pessoas que o sistema encontre, de 173 milhões de euros”, menos 57 milhões face ao ano anterior.

Mas o dinheiro investido fora do tratamento é “demasiado curto”, lamentou.

“Temos tido problemas com a dispensa de preservativos e gel, com a remoção real de barreiras no acesso ao tratamento e hospitais” e “temos zero de investimento real para o combate à discriminação e ao estigma, que ainda têm níveis intoleráveis em Portugal, incluindo no sistema nacional de saúde.

Segundo o relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças e da OMS para a Europa, Portugal registou até hoje 56.001 diagnósticos de infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, dos quais 1.030 em 2016.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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