XXXII Congresso de Pneumologia

Pneumonia: Portugal tem o dobro da mortalidade da média europeia

Os custos económicos de internamento por Pneumonia são conhecidos e voltaram a ser evidenciados durante uma sessão sobre "Nomes e números da Pneumonia", no âmbito do XXXII Congresso de Pneumologia que terminou no sábado no Centro de Congressos Epic Sana, no Algarve.

O pneumologista Filipe Froes, do Hospital de Pulido Valente e consultor de Pneumologia da Direção-Geral da Saúde, fez as contas e relembrou os custos económicos que os internamentos por doença pneumocócica acarretam para o Sistema Nacional de Saúde (SNS), o que corresponde a 1% do orçamento para a saúde em 2016.

Os dados são de um estudo que decorreu entre 2000 e 2009, e analisou os internamentos nas instituições do Serviço Nacional de Saúde e revelam que os custos diretos por internamento hospitalar rondam os 2.706€ por doente, o que acarreta para o SNS uma despesa total de cerca de 220 mil euros/dia e 80 milhões de euros/ano.

Como refere Filipe Froes “a pneumonia é uma doença muito democrática. Afeta pessoas de ambos os géneros, de todas as idades, de todas as classes sociais e de todos os graus e escolaridade”. Considerada a doença respiratória com maior impacto na mortalidade, a nível nacional “ninguém está imune à pneumonia, cada um de nós pode ser um dos nomes e representar mais um dos números da pneumonia”.

Para o especialista a prevenção passa por um maior foco nos números relativos ao impacto da cessação tabágica, da vacinação antigripal e antipneumocócica e do controlo das doenças crónicas. “Se a pneumonia está associada a todos os nomes e a todos os números, podemos, com as ferramentas de que atualmente dispomos, escolher os melhores nomes e os melhores números”, acrescenta.

Em Portugal a doença mata uma média de 23 pessoas por dia, só nos hospitais públicos. Todos os dias são internados, em média, 81 doentes adultos com pneumonia adquirida na comunidade; destes, 16 acabam por morrer devido à doença, o que significa uma taxa de letalidade intra-hospitalar de cerca de 20%.

Segundo Filipe Froes, “a maioria dos casos podem ser evitados através da vacinação antipneumocócica que continua a ser a melhor forma de prevenirmos uma Pneumonia. As crianças pequenas e os adultos a partir dos 65 anos estão entre os mais vulneráveis, bem como pessoas com mais de 50 anos que tenham co-morbilidades como Diabetes, Asma, DPOC e Doença Cardíaca. Pessoas cuja imunidade está comprometida também devem vacinar-se”.

Cristina Bárbara, Diretora do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde (DGS) também as abordou a questão das pneumonias revelando que a doença tem em Portugal, quer em termos de mortalidade, quer em termos de morbilidade, números piores do que os da média europeia.

A diretora do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da DGS apresentou uma análise exploratória do estudo que está ser realizado com recurso à base de dados do Serviços Nacional de Saúde relativo a pneumonias em Portugal e explicou que o objetivo final passa por gerar um modelo de monitorização futura para Portugal. “Depois de criado este modelo, em que encontramos os fatores que levam a maior mortalidade, se os passarmos a monitorizar em consequência das politicas de saúde, conseguiremos atuar melhor”, garantiu.

Pneumologistas de todo o país reuniram-se durante três dias para debater os principais desafios profissionais e técnico-científicos desta especialidade médica. Inovação foi o fio-condutor ao longo de todo o XXXII Congresso de Pneumologia, que termina sábado, com um novo recorde em termos de participação científica.

“As novas dimensões da Pneumologia” deram o mote para a 32ª edição da reunião magna dos pneumologistas portugueses, com o objetivo de “mostrar que a Pneumologia envolve inúmeras áreas, quase todas em rápida evolução. É uma especialidade em que a inovação se está a generalizar, ao nível técnico-científico, nomeadamente no que concerne ao conhecimento mais profundo das doenças e à nossa capacidade, enquanto médicos, em identificar e interferir nos mecanismos subjacentes à doença, sempre tendo em vista à melhoria do prognóstico global dos doentes”, explica Venceslau Hespanhol, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Fonte: 
Multicom
Nota: 
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