Ordem dos Nutricionistas

Metade da população portuguesa está em situação de insegurança alimentar

O problema da insegurança alimentar, que remete para a falta de disponibilidade e para as dificuldades no acesso ao alimento, é, efetivamente, uma das maiores preocupações manifestadas por diversas instituições que atuam na área da Nutrição e da Alimentação em todo o Mundo.

Foi divulgada ontem, 27 de maio, a última edição do relatório da ONU "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015", que aponta para 795 milhões o número de pessoas com fome no mundo.

Em Portugal, também a Ordem dos Nutricionistas tem manifestado a sua preocupação sobre o estado da insegurança alimentar no país. Os dados oficiais mais recentes mostram que um pouco mais de metade da população portuguesa (50,7%) se encontra em situação de insegurança alimentar e que mais do que um quarto da população (27,3%) revelam terem alterado o consumo de alimentos considerados essenciais.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, considera que “é alarmante pensar que cerca de metade dos portugueses se encontra em situação de insegurança alimentar e que há alimentos essenciais à rotina alimentar de cada um que as famílias deixaram de adquirir devido a dificuldades económicas.”

Os mesmos dados apontam que a insegurança alimentar é agravada nas faixas etárias mais elevadas, essencialmente porque a condição física e económica dos idosos se revela mais suscetível a limitações relativas à sua situação alimentar. Da mesma forma, é na população com menor escolaridade, famílias mais numerosas e desempregados que prevalece uma maior insegurança alimentar.

A Bastonária explica que a literacia alimentar é fundamental, particularmente nestes casos de insegurança alimentar mais flagrantes. Alexandra Bento refere que é possível comer bem com menos dinheiro e que há várias estratégias que os cidadãos aprenderiam se houvesse uma maior aposta em ações de economia familiar, tais como: um planeamento das refeições para o dia, um bom aproveitamento dos alimentos e um reaproveitamento das sobras; o recurso a alimentos da época; a realização de listas de compras; a atenção aos rótulos e aos preços de produtos semelhantes; uma atenção redobrada aos gastos energéticos e a utilização de equipamentos que tornem o consumo mais eficiente; uma correta organização da despensa e do frigorífico.

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas “a alimentação e a nutrição deverão estar presentes de uma forma transversal nas políticas e programas nacionais de saúde”. A Ordem dos Nutricionistas defende o investimento em medidas de apoio que promovam o acesso a alimentos de qualidade e em ações de educação alimentar por parte de instituições de ensino, instituições de solidariedade social, e em todas as demais entidades que lidam com a população em maior risco de insegurança alimentar (crianças, idosos, desempregados).

A Ordem dos Nutricionistas alerta que as instituições que lidam com a população em risco deveriam, obrigatoriamente, ter nutricionistas para auxiliar no diagnóstico de insegurança alimentar e na intervenção nesta população. Apela ainda a que as autoridades nacionais coloquem rapidamente dentro das suas prioridades, no âmbito das políticas de saúde, a realização de ações que reduzam a insegurança alimentar.

Fonte: 
Ordem dos Nutricionistas
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.