Abutres

Liga para a Protecção da Natureza apoia proibição de medicamento veterinário na pecuária

A Liga para a Protecção da Natureza manifestou o apoio a uma recomendação da Assembleia da República que prevê a proibição do uso de um medicamento veterinário na pecuária, por conter uma substância "fatal para os abutres".

De acordo com um comunicado da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), esse medicamento (um anti-inflamatório utilizado no gado) contém a substância ativa diclofenac, "fatal para os abutres" e responsável "pelo dramático e abrupto declínio" desta espécie no sub-continente indiano, o "que quase os levou à extinção".

Segundo a organização ambiental, existe atualmente uma proposta da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para comercializar esse fármaco em Portugal a nível pecuário, que, caso seja aprovada pelo Governo, pode colocar em risco as populações de aves necrófagas ameaçadas, como o abutre-preto, o britango, o grifo, a águia-imperial e a águia-real.

Na última semana, a Assembleia da República (AR) aprovou um projeto de resolução, recomendando ao Governo que não autorize a comercialização de medicamentos veterinários com diclofenac.

A LPN informou que, desde 2016, Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) nacionais e internacionais têm alertado as autoridades competentes para os possíveis impactos deste medicamento nas aves necrófagas e apelado ao Governo para que não autorize o seu uso na veterinária.

"De acordo com a ampla informação científica existente, e como referem os alertas anteriormente feitos por diversas organizações nacionais e internacionais, o Diclofenac provoca insuficiência renal aguda nos abutres e também em águias do género Aquila, que culmina na sua morte num curto espaço de tempo", pode ler-se na nota informativa.

A nível nacional existem "várias alternativas a este fármaco, com muito menor impacto, pelo que o tratamento de espécies pecuárias é perfeitamente possível sem recorrer ao uso do diclofenac e de uma forma segura para as aves necrófagas", acrescenta.

O comunicado frisa ainda que, tendo em conta os impactos provados do diclofenac nas aves necrófagas ameaçadas em Portugal, os seus hábitos alimentares e a suas reduzidas populações, a autorização e utilização do mesmo terá um impacto potencialmente devastador nessas espécies e nos ecossistemas onde ocorrem.

Na Índia, "bastou que menos de 1% das carcaças disponíveis para os abutres tivessem sido tratadas com diclofenac para causar a redução das suas populações em mais de 97%", o que levou à proibição do seu uso.

A LPN, em conjunto com outras organizações ambientais, considera que o Governo deve seguir a recomendação da AR, evitando, assim "o consumar de um risco real, iminente e crítico para a conservação das aves necrófagas em Portugal".

A proposta da AR é apoiada pela LPN, pela Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), pela Associação Transumância e Natureza (ATN), pela BirdLife Europe and Central Asia, pelo Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS), pela Palombar - Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, pela Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e pela Vulture Conservation Foundation (VCF).

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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