Ministro dos Negócios Estrangeiros

Gestão angolana do CISA não significa diminuição da cooperação portuguesa

O chefe da diplomacia portuguesa disse ontem, em Caxito, província do Bengo, que a passagem da gestão do Centro de Investigação em Saúde de Angola para as autoridades angolanas não significa diminuição da cooperação portuguesa.

Augusto Santos Silva discursava na cerimónia de apresentação do Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), projeto com dez anos de existência, que conta com apoios do Estado português e angolano, na investigação e identificação de doenças na província do Bengo e outras regiões do país.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português referiu que a entrega da gestão às autoridades angolanas, desde o ano passado, exprime o "reforço do empenhamento na cooperação portuguesa, apoiando esta nova missão que o CISA deve ter hoje".

"O CISA é, do ponto de vista da cooperação portuguesa, um dos melhores projetos em que alguma vez estivemos envolvidos, porque se destina a apoiar a capacitação de Angola numa área que é absolutamente essencial para o bem-estar da sua população, que é a área da saúde", disse o ministro.

Segundo Augusto Santos Silva, o projeto é ainda importante porque significa apoiar a capacitação de angolanos, através do conhecimento, da investigação aplicada, que ajuda a compreender quais são os problemas que podem ser identificados e as respostas técnicas, científicas e sociais.

O governante português enalteceu ainda o facto de, desde o início, o projeto ter contado com uma parceria entre Angola e Portugal, designadamente entre o Ministério da Saúde, o governo da província do Bengo, e no caso português, com a mobilização de apoios do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Fundação Calouste Gulbenkian e também de empresas portuguesas estabelecidas em Angola.

"É um projeto que tem uma história, tem neste momento dez anos desde o seu lançamento e tem permitido desenvolver as qualificações e capacidades dos investigadores angolanos, afirmar internacionalmente a qualidade destes investigadores, basta ver o número de artigos em revistas científicas internacionais que os investigadores do CISA já produziram até agora", frisou.

Para o ministro, a nova direção do CISA, com uma plena integração na estrutura do Ministério da Saúde, tem neste momento o desafio de concretizar o novo contrato-programa, nos termos do qual, há a passagem da gestão do CISA para plena responsabilidade das autoridades angolanas.

De acordo com o ministro, "esse ponto é muito importante", na medida em que beneficiam do CISA novos investigadores angolanos, que são o futuro, a renovação da capacidade científica, médica e sanitária do país.

"E só há uma maneira de essa renovação se fazer: é nós sermos intransigentes no cumprimento dos requisitos técnicos internacionais, no que diz respeito à qualificação do pessoal, condições de trabalho, garantia de que a direção e a gestão respeita e encoraja a qualidade científica e técnica dos investigadores", frisou.

"Este é o melhor caminho para que o CISA beneficie de novos projetos. Já hoje o CISA beneficia não só do apoio da cooperação portuguesa, não só da participação muito importante do Estado angolano, como beneficia do apoio financeiro de fundações internacionais, como a Fundação Gates e esse é o caminho e é nesta é fase em que estamos", acrescentou.

Por sua vez, a governadora do Bengo, Mara Quiosa, disse que o CISA é um centro de muita importância para aquela província, manifestando "o profundo agradecimento por todo o apoio que a cooperação portuguesa tem estado a realizar ao longo de todos estes anos para que o CISA seja um êxito".

Mara Quiosa salientou a grande importância do centro, tendo em conta as várias patologias existentes na província, sobre as quais o CISA tem tido um papel importante na sua identificação, nomeadamente a malária, que é a grande preocupação das autoridades.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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