Sociedade Portuguesa de Reumatologia

As doenças reumáticas atingem cerca de 0,7% dos portugueses e a sua prevenção ainda está longe de ser a ideal

Apesar de os números preocupantes associados às doenças reumáticas em Portugal, um correto tratamento e uma adequada alimentação como aliada da prevenção destas doenças ainda é, no entender da pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia, um desafio.

Estas doenças causam dor, limitando a vida do doente de variadas formas, alterando muitas vezes a sua capacidade funcional. Os principais sintomas são quadros de dor - por vezes incapacitante -, fadiga e fraqueza muscular. A Sociedade Portuguesa de Reumatologia alerta, portanto, para o facto de a alimentação funcionar como coadjuvante da terapêutica ou outro tratamento médico, promovendo uma melhoria dos sintomas e ajudando a diminuir a progressão da doença, assim como alguns fatores de risco associados.

A ingestão de proteínas é fundamental, uma vez que estas pessoas podem ter uma maior debilidade muscular. Por outro lado, são essenciais minerais como o ferro, zinco, cobre e selénio, bem como as vitaminas A, D, E e K, que só se dissolvem em gordura, pelo que ficam armazenadas no organismo durante mais tempo.

Por ser rica em produtos antioxidantes e gordura insaturada, a dieta mediterrânica pode ajudar a reduzir os quadros de processo inflamatório e a atenuar os principais sintomas das doenças reumáticas, como rigidez e dor. Desta forma, hortícolas, fruta e cereais pouco processados deverão fazer parte do regime nutricional. O azeite, que deve ser a fonte de gordura de eleição, tem de ser consumido com alguma contenção, pois não deixa de ser uma gordura.

Os doentes reumáticos que sofrem de excesso de peso têm uma dificuldade acrescida na eficácia do tratamento e uma evolução menos favorável dos sintomas ao longo do tempo, uma vez que as articulações são sobrecarregadas de forma constante, o que as desgasta mais rapidamente.

É ainda de ressalvar que estas pessoas, para quem a fadiga é uma constante, não devem fazer períodos longos de jejum, de modo a evitar o cansaço extremo e a manter os níveis de energia ao longo de todo o dia. Assim, aconselha-se planear o regime alimentar com alguma antecedência para não correr o risco de ingerir alimentos não recomendados e de forma a evitar também o ganho excessivo de peso.

No nosso país, o consumo de vitamina D e de cálcio está abaixo dos níveis recomendados, em especial na faixa etária a partir dos 30 anos. Esta situação tem tendência a agravar-se em pessoas com mais idade, que têm por norma uma densidade óssea diminuída. A Sociedade Portuguesa de Reumatologia recomenda, deste modo, um cuidado redobrado com a manutenção de um peso saudável e a ingestão de alimentos ricos em cálcio, vitamina D, antioxidantes, potássio, e gorduras insaturadas em detrimento das saturadas.

Os doentes com Gota deverão, no entanto, moderar o consumo de carnes, vísceras, sardinha, truta, salmão, marisco e outros alimentos que contenham purinas, uma vez que promovem a produção de ácido úrico, responsável pela formação dos cristais típicos da doença.

Embora não esteja comprovada uma relação direta entre a ingestão de determinados alimentos e o surgimento de uma crise ou agravamento repentino dos sintomas, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia alerta para o facto de que um regime alimentar correto e adaptado às necessidades de cada indivíduo tem um impacto positivo a longo prazo. Nas palavras do Dr. José Canas da Silva, Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, “cada doença do foro reumático tem as suas especificidades e exigências nutricionais, portanto aconselha-se sempre a consulta de um médico, e após o diagnóstico de uma doença reumática, idealmente o doente deverá ser seguido por um nutricionista, procurando identificar o plano alimentar que de melhor forma se adeque às necessidades energéticas e nutricionais. Este plano deverá ser, então, partilhado com o reumatologista e com os restantes clínicos que acompanham o doente.”

Fonte: 
SConsulting
Nota: 
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