Afinal, portugueses não correm para as urgências quando têm gripe
Apesar do impacto que se conhece nos serviços de urgência, um estudo do Instituto Nacional de Saúde (INSA) conclui que a maioria das pessoas não recorre a nenhum serviço de saúde quando tem algum sintoma de gripe.
Só uma minoria recorre ao hospital, ao centro de saúde e ainda menos ao SNS 24, a linha de contacto telefónico do Serviço Nacional de Saúde, escreve a TSF.
A amostra da população portuguesa incluiu mais de 4 mil casos de gripe entre as épocas 2011/2012 e 2016/2017, registados no sistema de vigilância participativa Gripenet.
Do total, 71,3% não recorreu a qualquer serviço de saúde quando teve sinais de gripe, 11,4% foram ao médico de família e apenas 6,2% recorreram a uma urgência ou serviço hospitalar, num cenário sem grandes alterações ao longo dos anos.
Há um ligeiro aumento de portugueses a recorrer à linha SNS 24, mas mesmo assim ainda é residual o número dos que usam este serviço quando têm gripe: 3,7% na média dos 6 anos ou 4,2% na última época gripal analisada.
Os especialistas do INSA admitem que os resultados sobre o SNS 24 "surpreendem na medida em que seria expectável que quem participa num sistema de vigilância participativa online pudesse ter uma utilização mais frequente de uma ferramenta de aconselhamento e encaminhamento à distância", valendo a pena "recomendar que se tente aumentar a literacia da população para melhor gerir episódios de gripe, reduzindo a procura dos cuidados de saúde presenciais".
Urgências estão demasiado frágeis
O bastonário da Ordem dos Médicos admite que não fica surpreendido com os resultados deste estudo pois não procurar o médico é, de facto, a opção correta na maioria dos casos de gripe.
Miguel Guimarães defende que o problema das urgências é sobretudo a fragilidade dos serviços e não tanto a procura excessiva em época gripal, o que faz com que qualquer pequeno incremento de procura cause horas de espera nos serviços.
O representante dos médicos analisa os resultados deste estudo
Os últimos números divulgados revelam que a gripe manteve-se em fase de epidemia, mas em situação estável, na segunda semana do ano, com uma taxa de incidência de 48,8 por 100 mil habitantes, numa descida acentuada em relação à primeira semana de 2019.