"Binge eating"

Transtorno de compulsão alimentar periódica

Atualizado: 
27/06/2019 - 16:32
"Binge eating", em português transtorno de compulsão alimentar periódica, caracteriza-se por comer excessiva e descontroladamente uma quantidade de alimentos considerada exagerada pela maioria das pessoas, que só termina quando um intenso mal-estar ou exaustão física extrema são atingidos.
Mulher a comer junto a frigorífico a ilustrar binge eating

Quase todos já experimentaram, em alguma ocasião, a sensação de comer até não poder mais, seguindo-se sentimentos de culpa e mal-estar. Existem, no entanto, pessoas que experimentam essa sensação duas/três vezes por semana, ou mesmo com maior frequência, apesar de se prometerem a si mesmas seguir uma dieta equilibrada. A esse comportamento os especialistas chamam de binge-eating (traduzido designa-se por transtorno da compulsão alimentar periódica), que se caracteriza pela ingestão de grande quantidade de alimentos num período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controlo sobre o quê ou o quanto se come.

Trata-se de um transtorno muito comum, descrito pela primeira vez em 1959 por Stunkard, sendo mesmo considerado o mais comum de todos os transtornos alimentares. Estima-se que nos EUA afecte 3,5 por cento de todas as mulheres e 2 por cento de todos os homens em algum momento das suas vidas.

Calcula-se ainda que uma elevada percentagem de doentes submetidos a cirurgia bariátrica tenha esta desordem, para além de que doentes com a síndrome do pânico são mais vulneráveis a desenvolver este problema como forma de aliviar a sua ansiedade. De forma semelhante, doentes com transtornos de humor podem desenvolver binge eating, em consequência do não controlo das suas emoções.

Assim como outros transtornos alimentares, o binge eating geralmente começa na infância ou na adolescência por influência da família, mas também devido a factores hereditários, ambientais e socioculturais.

Os doentes possuem auto-estima mais baixa, preocupam-se mais com o peso e a forma física do que outros indivíduos que também possuem excesso de peso mas não possuem o transtorno. Por outro lado, além da sensação de perda de controlo e da quantidade de alimento consumido, esta desordem é frequentemente acompanhada de sentimentos de angústia, vergonha e culpa.

Apesar de ser uma condição generalizada, não consta na lista oficial do Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais da Associação Americana de Psiquiatria de Transtornos Mentais (American Psychiatric Association’s Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM), embora já tenha sido proposta a sua inclusão.

Diagnóstico

Para um correcto diagnóstico desta desordem a American Psychiatric Association’s Diagnostic and Statistical estabeleceu um conjunto de critérios de diagnóstico que incluem:

  • Comer mais rapidamente do que o normal
  • Comer até se sentir desconfortavelmente cheio
  • Comer grandes quantidades de comida, mesmo quando não está fisicamente faminto
  • Comer sozinho por vergonha uma grande quantidade de alimentos
  • Sentimentos de depressão, desgosto ou culpa com os excessos cometidos.
  • Um doente tem de apresentar pelo menos três destes sintomas e devem ocorrer duas vezes por semana, ao longo de 6 meses, sem condutas de compensação (purga, laxantes ou outros meios inapropriados para compensar excessos).

Tratamento

O tratamento baseia-se na combinação de medidas farmacológicas e comportamentais. Existem diferentes classes de medicamentos utilizados no tratamento deste transtorno e que têm sido descritos como capazes de reduzir os sintomas de baixa auto-estima, dificuldades interpessoais, no humor e na qualidade de vida, além de um aumento do sentimento subjectivo de bem-estar.

Por outro lado, a terapia comportamental ajuda a reduzir significativamente o comportamento de compulsão alimentar.

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Fonte: 
binge-eating.com
Nota: 
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