Organização Mundial da Saúde

Vício em jogos 'online' pode vir a ser classificado como distúrbio psiquiátrico

A Organização Mundial da Saúde pode vir a classificar no próximo ano o vício dos videojogos como distúrbio psiquiátrico. Esta atribuição surge após uma discussão sobre as suas implicações na saúde dos jogadores.

Grande parte dos jovens passa diversas horas por dia a jogar, seja videojogos ou no computador, hábito que se tornou uma dependência em muitos casos. Por isso, há médicos e investigadores que pretendem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifique este vício como transtorno psiquiátrico. Esta proposta, segundo o Diário de Notícias, foi feita durante a revisão da Classificação Internacional de Doenças - a nomenclatura mundial para denominar as doenças através de códigos usados para fins médicos e estatísticos. Uma nova edição do manual da Classificação Internacional de Doenças, na sua 11.ª edição - CID-11 -, vai ser lançada no próximo ano e a versão provisória classifica este vício como transtorno psiquiátrico. Atualmente encontra-se classificado no grupo de "outros transtornos de hábitos e impulsos".

A iniciativa de incluir este distúrbio na CID-11 surgiu no congresso mundial sobre o cérebro que decorreu em Porto Alegre (Brasil). Apesar de só no próximo ano poder ser classificado como distúrbio, já desde 2014 que médicos e investigadores demonstram a sua preocupação com as implicações que esse vício pode trazer para a saúde.

Especialistas explicam que os jogadores que se encontram viciados já não conseguem separar o tempo de lazer passado a jogar e as restantes tarefas diárias, deixando que o jogo influencie as atividades do dia-a-dia. "A maioria dos jovens joga de maneira tranquila e controlada. Mas entre os que se tornam dependentes vemos prejuízos importantes, como reprovação na escola, afastamento dos amigos e conflitos com a família", afirmou ao jornal brasileiro Estado de S. Paulo a o psiquiatra Daniel Spritzer. A inclusão na Classificação Internacional de Doenças tem ainda a vantagem, segundo o médico Cristiano Nabuco frisou em declarações àquele jornal, de fazer que seja mais fácil conseguir "apoios para investigar o tema".

Estudos sobre o vício em videojogos entre os americanos e europeus revelam que entre 1% e 5% dos jogadores desenvolvem a dependência. Esta percentagem aumenta para 10% de dependentes nos países asiáticos. Em Portugal o número de jovens que apresentam sinais de dependência de videojogos está a aumentar, com 20% a admitirem que são viciados em jogos online, de acordo com o European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs. No nosso país, a ala psiquiátrica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, integra desde 2014 o núcleo de utilização problemática da internet, unidade que tem o objetivo de tratar quem procura ajuda médica para resolver o vício nos videojogos.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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