Secretário de Estado da Saúde

Valorizados investimentos no setor da literacia e seu impacto positivo nos custos em saúde

Investir na prevenção para gastar menos no tratamento é possível? De que forma a prevenção e a literacia em saúde podem impactar os custos em saúde e promover uma maior qualidade de vida dos portugueses e do orçamento de estado afeto à saúde? A aposta na investigação clínica pode melhorar o acesso e qualidade em saúde em Portugal? Quais os compromissos deste Ministério para com o panorama da saúde em Portugal?

Estas são as questões que colocam frente a frente a Educação em Saúde, os programas de literacia em saúde, as ações de promoção de estilos de vida saudáveis e o seu retorno nos ganhos em saúde.

Em depoimentos recolhidos junto do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, no âmbito de uma iniciativa de prevenção de doenças cardiovasculares que decorreu em Setúbal, de 11 a 13 de maio, organizada por membros do departamento de Cardiologia do Centro Hospitalar de Setúbal EPE, e em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, foram abraçadas estas e outras questões.

A literacia e o investimento público
Relativamente à importância da educação para a saúde, o Secretário de Estado concorda que “a literacia é uma forma de educar o cidadão para hábitos de vida saudáveis, evitar fatores de risco e alertar para os perigos de certo tipo de condutas da nossa vida quotidiana.”

Quanto ao impacto nos custos em saúde, Manuel Delgado acrescenta que “este é um fator decisivo para melhorar a saúde da nossa população, evitar consultas de especialidade e reduzir a despesa inerente à saúde.”

Por essa razão, justifica que o Ministério da Saúde veja “com muito interesse” o patrocínio de campanhas de literacia em saúde alavancadas por sociedades médicas. “O Ministério da Saúde tem grande responsabilidade na vigilância da saúde dos Portugueses, mas não pode fazer tudo sozinho. O estabelecimento de parcerias com sociedades científicas é absolutamente crucial para desenvolvermos a promoção e literacia em saúde. “

A Direção-Geral da Saúde (DGS), acrescenta, “tem tido um papel determinante para melhoria das condições de saúde dos Portugueses e para os resultados de saúde. Somos líderes em muitos indicadores fundamentais de saúde, mesmo quando comparados com países mais desenvolvidos, como por exemplo na vacinação das populações ou na taxa de mortalidade infantil.”Por isso, remata, “não tenho dúvidas de que a DGS é uma entidade de extrema importância para colaborar com sociedades científicas e levar para a frente projetos que tenham importância e impacto na vida dos Portugueses e que atinjam um grande número de cidadãos.”

A investigação clínica em Portugal
Quando confrontado com a importância da Investigação Clínica em Portugal, o Secretário de Estado comenta que “os ensaios clínicos, ao contrário do que anteriormente se pensava, são de extrema utilidade para os hospitais porque dão rendimento, permitem o acesso à investigação por parte de clínicos e também permitem que os doentes tenham acesso a terapias inovadoras.” Todavia, acrescenta “as terapias inovadoras têm de ser utilizadas segundo um critério de custo/efetividade, isto é, não podemos pegar nas terapias inovadoras e utilizá-las sem critério porque isso tem custos incomportáveis para o erário público e muitas vezes os benefícios são muito reduzidos.”

Porém, em comparação com as outras economias semelhantes à portuguesa a taxa de acesso à investigação clínica é muito superior e Portugal apresenta alguns entraves à inovação.

Em comentário a esta afirmação, Manuel Delgado justifica que “Portugal, não tendo uma indústria farmacológica muito desenvolvida, tem mais dificuldade em incorporar terapêuticas inovadoras, visto que essas chegam a Portugal um pouco mais tarde.”

Quando chegam, adianta o Secretário de Estado, “tentamos agilizar a avaliação das terapêuticas.”

Quando se trata de aprovar uma nova tecnologia, “a única questão que se coloca é a importância de avaliar e testar a validade das terapêuticas para todos os doentes, ou para o nicho de doentes aos quais essas terapêuticas se destinam.”

Por fim, e realçando a importância do trabalho em conjunto, entre a tutela e as sociedades médicas, o Secretário de Estado confessa o seu interesse “em colaborar na componente científica e técnica para a promoção de campanhas através de uma parceria com a Direção-Geral da Saúde, como por exemplo, através da criação de protocolos.” Do ponto de vista financeiro, atenta “temos de avaliar individualmente cada projeto e verificar quais os que apresentam maior impacto. E a Cardiologia claramente que é uma área importante.”

Fonte: 
SConsulting
Nota: 
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