Como funcionam

Vacinas

Atualizado: 
04/09/2014 - 17:51
As vacinas agem estimulando o sistema imunológico a produzir anticorpos, que podem combater doenças infecciosas, tornando o indivíduo imune às mesmas.

O objectivo das imunizações através das vacinas é estimular o organismo a produzir anticorpos contra determinados germes, principalmente bactérias e vírus. O nosso sistema imunológico cria anticorpos específicos sempre que entra em contacto com algum germe. Se entramos em contacto com o vírus da rubéola, por exemplo, ficamos doentes apenas uma vez, pois o corpo produz anticorpos que impedem que o vírus volte a nos infectar no futuro.

Assim, a lógica da vacina é tentar estimular o organismo a produzir anticorpos sem que ele precise ficar doente. Ou seja, dá-se aos ao sistema imune a bactéria ou vírus de forma que haja produção de anticorpos, mas não haja desenvolvimento da doença.

Geralmente uma vacina age apenas contra um único germe. Por exemplo, a vacina contra o sarampo não protege o doente contra rubéola e vice-versa. No entanto, já existem vacinas conjuntas, que são na verdade duas ou mais vacinas dadas numa única administração. Nesse caso, o sistema imunitário é estimulado simultaneamente contra esses vírus.

Assim, as vacinas são uma maneira de ter disponível um “corpo de bombeiros”, ou seja, os anticorpos específicos, sempre que um micróbio pretende invadir o organismo. A maneira de o conseguir é pôr o nosso organismo em contacto com os agentes infecciosos, de modo a que os reconheçam e induzam a memória imunológica, sem causarem doença. Logo, sempre que um indivíduo entra em contacto com o microrganismo contra o qual foi vacinado, o seu organismo reconhece o referido agente, “recorda-se” dele e activa imediatamente a produção de anticorpos protectores, de modo a neutralizarem o microrganismo antes de ele ter tempo de causar doença.

A maior parte das vacinas ajuda a proteger não só o indivíduo vacinado mas também a própria comunidade, desencadeando a chamada “imunidade de grupo”, ao diminuir o número de pessoas susceptíveis à doença, interrompendo assim a circulação do microrganismo nessa comunidade.

As vacinas permitiram já a erradicação de uma doença terrível, a varíola, e estão prestes a conseguir a eliminação de outra doença, a poliomielite. Nenhuma medida, à excepção do fornecimento de água potável às populações, contribuiu tão decisivamente para a melhoria da saúde pública como as vacinas.

Efeitos secundários
As vacinas actualmente utilizadas têm um elevado grau de eficácia, segurança e qualidade, sendo exigida uma certificação lote a lote.

Uma reacção adversa ou efeito secundário é qualquer acontecimento não esperado, distinto do objectivo primário da vacina, que ocorre após a sua administração. Pode ser uma verdadeira reacção adversa ou pode ser só uma coincidência.

As reacções adversas dividem-se em três grandes grupos: reacções locais, sistémicas e alérgicas.

Reacções adversas locais
Dor, edema, eritema e rubor no local da injecção são as mais frequentes mas menos graves. Podem ocorrer em até 50 por cento das doses administradas, dependendo do tipo de vacina. São mais comuns após vacinas inactivadas, sobretudo, as que contêm adjuvantes. Geralmente não são graves, ocorrem algumas horas após a injecção e são, habitualmente auto-limitadas.

Em raras ocasiões são particularmente exuberantes e graves, sendo referidas como reacções de hipersensibilidade embora não sejam de facto reacções alérgicas. Este tipo de reacção, também denominada de reacção de Arthus, ocorre mais frequentemente após administração do toxóide tetânico ou diftérico. Pensa-se que é provocada por títulos elevados de anticorpos, por várias administrações com esse toxóide.

Reacções sistémicas
Consistem em febre, mal-estar, fadiga, irritabilidade, alterações do sono, dor muscular, cefaleias (dor de cabeça), tonturas, náuseas e perda de apetite. Estes sintomas são comuns e inespecíficos e muitas vezes não se sabe se são provocados pela vacina ou por uma infecção viral concomitante.

São mais frequentes após a administração de vacinas vivas atenuadas uma vez que tem que haver replicação para estimular imunidade. Os sintomas são geralmente ligeiros, simulam uma forma ligeira da doença e ocorrem após um período de incubação, geralmente entre sete a 21 dias.

Reacção anafiláctica
É uma reacção alérgica, potencialmente perigosa para a vida do indivíduo devido à possibilidade de rápida evolução para obstrução das vias aéreas, dificuldade respiratória, choque e em casos extremos, paragem cárdio-respiratória.

Felizmente são raras, ocorrendo numa frequência inferior a um para cada meio milhão de doses administradas. Pode estar relacionada com qualquer componente da vacina.

O risco pode ser minimizado, se previamente à administração, for pesquisada a existência de antecedentes pessoais ou familiares de doença alérgica. As reacções anafilácticas surgem, geralmente, pouco tempo após a administração, sendo tanto mais graves quanto mais precoces, pelo que as pessoas vacinadas deverão permanecer sob observação durante 30 minutos.

Todos os postos de vacinação devem ter um protocolo de emergência e possuir o equipamento para actuar em caso de reacção anafiláctica.

Contra-indicações
As vacinas disponíveis, através do Programa Nacional de Vacinação ou por prescrição médica, são globalmente seguras, com raras excepções que podem limitar a sua utilização.

As verdadeiras contra-indicações são:

1. Reacção alérgica grave a uma dose anterior da vacina ou a algum dos seus constituintes. O exemplo mais conhecido é o da vacina contra a gripe em pessoas com alergia grave ao ovo

2. Imunodeficiência grave, apenas para as vacinas vivas (BCG, sarampo, rubéola, papeira, varicela, rotavírus)

3. Gravidez, apenas para as vacinas vivas

4. No caso da vacina da tosse convulsa, se surgiu encefalopatia nos sete dias seguintes a toma anterior, sem outro motivo conhecido.

Não são contra-indicações:

1. Ter tido em vacinação anterior febre, dor/tumefacção no local da injecção, irritabilidade, sonolência, convulsão febril simples (na criança entre os seis meses e cinco anos), vómitos, diarreia ou dor nos membros

2. Estar com doença aguda ligeira (exemplo: constipação ou diarreia), com ou sem febre

3. Estar a tomar medicamentos (desde que estes não tenham acção supressora da imunidade)

4. Ter doença crónica (de pele, coração, pulmão, rim, fígado ou doença neurológica não evolutiva)

5. Ter familiar com reacção grave à mesma vacina.

Fonte: 
Vacinas.com.pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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