Ordem dos Enfermeiros

Urgências: Mais actividades para enfermeiros não resolvem problemas de base da Saúde

Rentabilizar as competências aos profissionais de enfermagem nas Urgências é uma boa medida, mas não resolverá os problemas de base dos serviços de saúde, afirma a Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros.

“Esta não é a solução para resolver os problemas de base dos serviços de saúde”, diz a Presidente do Conselho Directivo Regional da Secção Regional do Centro (SRC), num editorial da revista Enfermagem e o Cidadão, que é divulgada hoje nos seis distritos do Centro de Portugal.

Para a Enfª Isabel Oliveira, os enfermeiros têm competências para desempenhar cabalmente as actividades nas urgências hospitalares conferidas num recente diploma do Ministério da Saúde, mas “é preciso ter cuidado com a leitura” dos discursos de que os enfermeiros podem ser a solução, suprindo a falta de outros profissionais.

“Para quando a correcta alocação de enfermeiros nos serviços? Quem irá colmatar a falta de enfermeiros que lamentavelmente e tão frequentemente podemos constatar nas visitas de acompanhamento do exercício profissional? Quem irá colmatar a falta de enfermeiros que veem as suas actividades aumentarem, acrescentando mais ao que tanto fazem, sendo frequentemente menos do que deviam ser?”, interroga.

No entendimento da dirigente, “apesar da sua comprovada importância, a maior parte da sociedade desconhece aquilo que os enfermeiros fazem, e se são ou não suficientes para o que fazem”.

Quando acontecem situações graves, como os que se verificaram com a elevada afluência de cidadãos às Urgências nos primeiros meses de 2015, para os governantes “a situação é normal nesta altura do ano, e ‘arranjam-se’ soluções temporárias” para fazer face ao problema, observa a Enfª Isabel Oliveira.

Para a população – salienta – “quando algo corre mal normalmente vem associado à falta de médicos”, e “raríssimas vezes os enfermeiros são falados”.

No entendimento da dirigente da Ordem dos Enfermeiros (OE), “tanto para a população, como para os governantes, os enfermeiros não são problema nem fazem parte da solução”, na generalidade das situações.

Esta falta de percepção – acrescenta a Enfª Isabel Oliveira – “acontece porque o financiamento em Saúde é feito a partir da actividade médica”.

“Quando o financiamento [da Saúde] também for efectuado pela actividade dos enfermeiros, aí os enfermeiros farão parte da solução e da caraterização do problema. Então passará a ser visto o que é feito e o que deixa de ser efectuado”, sublinha.

Recorda que nas Visitas de Acompanhamento do Exercício Profissional a OE tem identificado e denunciado diversos problemas associados ao reduzido número de enfermeiros para as necessidades identificadas, que colocam em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados aos cidadãos.

“Continuar a manter a cabeça ‘enterrada’ na areia terá os seus efeitos a médio/longo prazo. Não há investimento na promoção da saúde e prevenção da doença, não existe planeamento estratégico em Saúde a longo prazo”, afirma.

Na óptica da presidente do Conselho Directivo Regional da SRC da Ordem dos Enfermeiros, “uma população saudável é uma população feliz, activa, trabalhadora, mas esse investimento tem de ser feito desde o nascimento”, na comunidade, onde as famílias vivem, onde as crianças estudam, e não apenas quando ficam doentes.

“Faltam profissionais de saúde nos Cuidados de Saúde Primários, nas comunidades, nas escolas, e sobrecarregar o que falta não será a melhor solução, repor o necessário é o caminho. É urgente e não só para as Urgências”, conclui a Enfª Isabel Oliveira.

Fonte: 
GCIC - Gabinete de Comunicação e Imagem da S.R. do Centro
Nota: 
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