Travar a progressão da Doença de Parkinson está mais perto de ser uma realidade
“Sabemos hoje que há diferentes aglomerados de proteínas que se acumulam no cérebro dos doentes e estão associadas a patologias como a doença de Parkinson, a doença de Alzhemier ou a doença de Huntington. A aglomeração dessas proteínas é significativamente mais frequente em pessoas que têm uma destas doenças e aumenta à medida que a doença progride”, começa por explicar o investigador.
“Os estudos laboratoriais e os ensaios clínicos que estão a decorrer atualmente visam perceber de que forma é que estes aglomerados de proteínas se formam e se interferir na sua acumulação pode vir a travar a progressão destas doenças neurodegenerativas”, acrescenta Tiago Outeiro.
A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum depois da doença de Alzheimer e estima-se que afeta cerca de 20 mil portugueses. Poder travar a progressão desta e de outras doenças de neurodegenerativas é algo que pode estar muito próximo.
“Os resultados dos ensaios clínicos que estão a decorrer podem chegar dentro de dois ou três anos e vão ser muito elucidativos, independentemente do que provarem”, explica Tiago Outeiro, acrescentando que “se vierem a provar que há efeitos diretos da remoção dos aglomerados proteicos, pode avançar-se para ensaios em grupos mais alargados e, posteriormente, dar-se a introdução de um novo medicamento no mercado, que será uma nova forma de tratamento”.
“Caso os estudos atuais venham a demonstrar que a remoção das proteínas aglomeradas não é suficiente para impedir a evolução da doença, teremos mais claro que a direção a seguir na investigação deve ser outra”, conclui o professor.
O estado da arte e os desafios futuros nesta área vão estar em foco do congresso nacional da SPDMov, que este ano se dedica ao tema “A Clínica nas Doenças do Movimento”. O professor Tiago Outeiro vai apresentar resultados da sua investigação e também partilhar com os participantes do congresso o status dos ensaios clínicos que estão a decorrer, a medição dos resultados e avaliação das várias estratégias para interferir com o curso da doença de Parkinson e outras doenças degenerativas.
Doença de Parkinson, distonia, tremor, ataxia e doenças do movimento na criança são alguns dos temas que estarão em destaque no congresso, onde serão também atribuídos prémios aos melhores trabalhos submetidos.