Trabalhadores dizem que relatório sobre mudança para Porto tem erros e omissões

Numa audição na Comissão de Saúde, o dirigente da Comissão de Trabalhadores (CT) Rui Spínola disse que os trabalhadores ficaram tão “perplexos” ao não conseguirem perceber o relatório que a solução foi fazerem uma “errata”, um documento de 36 folhas que ontem entregaram aos deputados.
Na sequência da decisão do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, de deslocalizar a autoridade do medicamento para o Porto, e da polémica daí decorrente, foi pedido um relatório a um grupo de trabalho que entregou as conclusões no final de junho.
A CT, depois de a direção do Infarmed já o ter feito, foi instada a comentar o relatório, tendo Rui Spínola dito que depois dos últimos oito meses penosos para os trabalhadores havia a esperança de que o relatório trouxesse algo de novo, o que não aconteceu.
“Não quero acreditar que se todas aquelas 27 pessoas tivessem lido o relatório o assinavam”, disse Rui Spínola, depois de também a presidente do Infarmed, Maria do Céu Machado, ter deixado dúvidas sobre se de facto todos os membros da comissão leram o documento divulgado.
“O relatório não é para ser levado a sério, pela qualidade que apresenta mais valia não ter sido feito”, disse o dirigente da CT, exemplificando com o cálculo de 17 milhões de euros para um novo Infarmed, quando o atual custou, há vários anos, 24 milhões.
Rui Spínola falou das dificuldades que a CT vê na mudança para o Porto e concluiu que os trabalhadores não encontram “uma vantagem para a deslocalização”.
Os trabalhadores entregaram hoje uma carta aberta ao ministro da Saúde, na qual recordam que Adalberto Campos Fernandes tinha colocado como limite para desistir da deslocalização a qualidade, a segurança e a proteção do serviço público e do interesse público, e a questão dos trabalhadores e o seu interesse vital.
“O relatório entregue pelo grupo de trabalho não conseguiu demonstrar qualquer vantagem com a deslocalização do Infarmed”, diz a CT na carta, lembrando que os trabalhadores já demonstraram que não estão disponíveis para acompanhar essa deslocalização.
E dizem acreditar que o ministro irá decidir pela “defesa do Infarmed, da regulação eficaz do setor do medicamento e produtos de saúde, da defesa da saúde pública e do Serviço Nacional de Saúde”.
A mudança do Infarmed para o Porto foi anunciada em novembro, depois de esta cidade ter perdido a candidatura para acolher a Agência Europeia do Medicamento, que deixará Londres na sequência do ‘Brexit’.