Diretora-geral da Saúde

Surto de gripe em Portugal é dos mais fortes da Europa

Um dos vírus com maior circulação este ano é agressivo para os mais idosos, o que pode justificar alguma subida na mortalidade.

Primeiro as más notícias. Um dos vírus da gripe (o AH3) que está em maior circulação este ano é agressivo, especialmente para os idosos. Resultado disso, na segunda-feira, dia 14, morreram perto de 500 pessoas no país, um dos dias com mais mortes da última década, boa parte delas na sequência de problemas provocados pela doença. No nível moderado, Portugal está mesmo no grupo de países da Europa onde o surto de gripe é mais forte.

Agora, notícias melhores: o AH3 não é a única estirpe em circulação em Portugal, o que pode fazer com que a época gripal seja menos forte do que, por exemplo, a de 2017. Além disso, a epidemia manteve-se estável na segunda semana de janeiro e a nossa vacina cobre os dois vírus em maior circulação.

Quem o explica ao Diário de Notícias é a diretora-geral da Saúde, que admite que "um dos vírus em circulação, o AH3, é historicamente mais agressivo, provoca época gripais mais intensas, com especial gravidade nos idosos". Apesar de também afetar muitas crianças, "nessas idades é raro ser tão grave", acrescenta Graça Feitas, que destaca a "co-circulação com o vírus A(H1)pdm09, mais benigno", como uma das boas notícias que podem tornar o surto de gripe menos violento. Isso e o facto de a taxa de vacinação para a doença ter aumentado este ano.

Dados do vacinómetro do final de 2018 mostravam que desde 15 de outubro já tinham sido vacinados cerca de 1,3 milhões de idosos. Em termos percentuais, a vacina da gripe tinha sido administrada a 66% das pessoas com mais de 65 anos, mais 7% do que no mesmo período de 2017.

Ainda assim, as temperaturas muito baixas dos primeiros dias do ano levaram a um aumento do número de mortes: o último relatório do Instituto Ricardo Jorge (INSA) mostra que o valor médio da temperatura mínima do ar na segunda semana de janeiro foi de 1,04°C, menos 3,5°C em relação ao valor normal para o período 1971-2000. A persistência de noites frias com valores de temperatura mínima muito abaixo do normal terão contribuído para entupir urgências hospitalares e para uma subida da mortalidade, - embora ainda dentro do esperado, realça o INSA - principalmente entre os mais idosos, admite Graça Freitas, "que têm outros problemas de saúde e devido ao frio acabam por descompensar". Segunda-feira foi o dia com mais mortes desde o início do surto de gripe (482), segundo os dados do site de vigilância da mortalidade.

A gripe manteve-se em fase de epidemia, mas em situação estável na segunda semana do ano, com uma taxa de incidência de 48,8 por 100 mil habitantes. Segundo o último relatório publicado pelo INSA, Portugal era mesmo, juntamente com a Inglaterra, o país da Europa com o surto de gripe mais forte no início do ano. Dados entretanto atualizados pelo boletim Flu News Europe, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças e da Organização Mundial de Saúde, que junta ao grupo de países com surtos moderados a Irlanda, a Holanda, a Croácia e a Bósnia-Herzegovina. Fora do espaço da União Europeia, Montenegro e Turquia estão no nível elevado.

Além da vacinação, a DGS aconselha a higiene das mãos, tossir ou espirrar para um lenço descartável ou para o antebraço e, no caso de estar infetado, o distanciamento social para evitar a propagação da doença.

 

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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