Dia Internacional da Criança com Cancro

A solidariedade faz a diferença

Atualizado: 
13/02/2015 - 18:05
“Queremos nesta data mostrar ao mundo que o cancro infantil existe, que os impactos na vida de cada família são inúmeros mas, sabemos, a solidariedade faz, de facto, a diferença!”. Este é o mote da Acreditar para assinalar este dia.

É todos os anos no dia 15 de Fevereiro que se assinala o Dia Internacional da Criança com Cancro. De uma forma geral o objectivo da efeméride é chamar a atenção da população que o cancro infantil existe e o impacto socioeconómico é muito elevado. Por outro lado é um momento adequado para as várias associações lançarem campanhas de solidariedade com o intuito de angariar fundos para suportar as muitas actividades/acções de ajuda a estes doentes. O Atlas da Saúde falou com Margarida Cruz da Associação Acreditar e quisemos saber mais sobre esta realidade e porque a solidariedade faz a diferença.

 

Impacto do diagnóstico

“Na verdade o impacto é muito grande e em diversos campos”, comenta Margarida Cruz. Segundo a responsável, todas as rotinas do doente e da sua família são radicalmente alterados e, na maioria dos casos, por um tempo que é bastante longo.

Em particular, a rotina escolar da criança altera-se substancialmente ao ponto de muitas vezes não poder frequentar a escola, para poder fazer todos os tratamentos que a doença obriga. Muitas vezes em regime de internamento. “Por vezes provoca a uma separação temporária dentro da família que é sempre muito difícil de gerir e dolorosa para todos”, lamenta Margarida Cruz, sublinhando que, “são muitos os incómodos e consequências dos mesmos com os quais, não só o doente, mas a família tem de lidar com todas as incertezas e preocupações que vivenciam”.

O impacto negativo também se faz sentir ao nível económico. Uma doença como esta pode levar a situações complexas em que o pai ou a mãe não conseguem continuar a trabalhar, o que reduz significativamente o orçamento familiar numa época em que este precisaria de ser reforçado, para fazer face a despesas acrescidas.

 

O cancro mais prevalente

O cancro pediátrico com maior prevalência até aos 14 anos de idade é a leucemia. Dos 14 aos 18 são os linfomas, segundo os dados que estão disponíveis sobretudo ao nível da Europa e da América (EUA e Canadá).

As taxas de sobrevivência a cinco anos têm crescido bastante e aproximam-se dos 80% (79,1% em 2007 segundo dados da European Society for Paediatric Oncology - SIOPE).

A idade é um factor importante na forma como o doente encara a notícia de que tem “uma doença má”. “Uma criança a partir dos três anos apercebe-se que tem algo que é suficientemente grave para preocupar os seus pais e, por isso, a sua reacção vai depender muito da forma como os próprios pais reagem”, explica a responsável da Acreditar.

Já a partir dos 10-11 anos há uma compreensão bastante real sobre a doença, mas “por vezes a percepção da gravidade ocorre apenas quando começam a existir sinais exteriores, como a queda do cabelo a qual é, pelo menos numa primeira fase, bastante traumática” refere.

 

A solidariedade faz a diferença

A solidariedade faz com que todos os intervenientes se sintam mais acompanhados, mais compreendidos e que consigam através dela ver ultrapassados alguns dos problemas com os quais se vêm confrontados.

Por outro lado, é primordial fazer entender que as crianças com cancro não podem ser vítimas indefesas. São crianças e jovens iguais a todos os outros, com os mesmos sonhos, as mesmas oportunidades e as mesmas exigências, e todos temos o nosso papel a cumprir para garantir que assim seja. É através da solidariedade que podemos fazer a diferença.

Também a possibilidade de existirem pessoas, voluntários, que brincam, jogam, ouvem, riem ou simplesmente estão com os doentes e com a família, é fundamental. Para além disso, a solidariedade permite apoiar as organizações que no terreno procuram todo o tipo de respostas para ajudar.

Para citar um exemplo, diz Margarida Cruz, “de entre as várias respostas da Acreditar, é com a solidariedade que esta consegue manter as suas Casas de Acolhimento onde as crianças e jovens deslocadas para tratamento e acompanhadas de familiar, conseguem locais para gratuitamente poderem estar junto aos hospitais e usufruírem de algo que se aproxima das suas casas e onde podem viver com qualidade e estar sempre acompanhados e apoiados”.

 

Dia Internacional da Criança com Cancro

Para Margarida Cruz é muito importante que haja um dia dedicado a esta questão para que a sociedade civil perceba que o cancro pediátrico é uma realidade com um enorme impacto na vida das pessoas, mas que devem poder viver esse período com acompanhamento digno e eficaz.

“Queremos nesta data mostrar ao mundo que o cancro infantil existe, que os impactos na vida de cada família são inúmeros mas, sabemos, a solidariedade faz, de facto, a diferença!”. Esta é a principal mensagem que a Acreditar quer fazer passar, mas a Associação procura sempre assinalar este dia, ou com acções de sensibilização, ou com lançamento de alguma nova forma de apoio. Este ano será assinalado com o lançamento da 1ª pedra da futura Casa de Acolhimento no Porto, que virá a acolher até 16 famílias em simultâneo.

“Desta forma a partir do final de 2016, data prevista para a conclusão da obra, as crianças e jovens que se deslocam ao Porto para tratamentos oncológicos passam a dispor do mesmo tipo de resposta que já existe em Lisboa e em Coimbra e que tem feito a diferença para as famílias que acolhe”, congratula-se Margarida Cruz.

Autor: 
Célia Figueiredo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Foto: 
Acreditar